O alferes Capelo está a cumprir o serviço militar em Angola quando se dá o massacre de centenas de brancos em povoações isoladas do Norte; é por isso chamado a participar na primeira resposta militar contra os rebeldes e acaba por fazer duas comissões na Guerra Colonial e já não regressar à metrópole, casando-se e tornando-se proprietário de plantações de café. Na mesma altura, Mateus, funcionário público e amante da poesia e do xadrez, é iniciado em Moçâmedes nas relações de poder entre colonos e colonizados, assistindo à prisão e tortura de rebeldes e guerrilheiros; manda vir a família e instala-se na Gabela, cruzando-se com Capelo, já desmobilizado, ambos desconhecendo que assistem aos últimos estertores do império.
Um romance sobre o fim do período colonial, com descrições impressionantes da violência reciproca que moldou Angola antes, durante e depois da guerra, e o relato de como muitas famílias testemunharam, da pior maneira, o fim de um ciclo que durou mais de quinhentos anos.
Os clássicos são os livros de que se costuma ouvir dizer: «Estou a reler…» e nunca: «Estou a ler…»
Um clássico é um livro que nunca acabou de dizer o que tem a dizer.
Os clássicos são livros que quanto mais se julga conhecê-los por ouvir falar, mais se descobrem como novos, inesperados e inéditos ao lê-los de facto.
Chama-se clássico um livro que se configura como equivalente do universo, tal como os antigos talismãs.
O nosso clássico é o que não pode ser-nos indiferente e que nos serve para nos definirmos a nós mesmos em relação e se calhar até em contraste com ele.
A partir destas e de outras definições de clássicos que nos oferece no primeiro capítulo, Calvino vai dar resposta à pergunta que dá o título a este livro, numa série de brilhantíssimos ensaios que percorrem alguns dos pontos mais altos da literatura e do pensamento mundiais.
Nesta fantasia divertidamente macabra – primeiro romance da trilogia fantástica Os Nossos Antepassados – um nobre é dividido em dois por uma bala de canhão, numa batalha contra os turcos. Uma das metades regressa ao seu domínio feudal e inicia uma vida diabólica. Mas a outra metade, a virtuosa, aparece também. As duas metades tornam-se rivais pelo amor da mesma mulher e enfrentam-se num duelo sangrento, mas acabam por encontrar uma resolução miraculosa.
O Visconde Cortado ao Meio é um romance em que o real e o fantástico se fundem numa unidade perfeita, não deixando de ser evidente um incontornável compromisso com o mundo contemporâneo, apesar de o autor ter afirmado que «não tinha a intenção de fazer uma alegoria moral, e muito menos política».
sexta-feira, 28 de agosto de 2015
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