domingo, 16 de novembro de 2014

Rebeca

Título: Rebeca
Autora: Daphne du Maurier
Editora: Círculo de Leitores

Sinopse:
Escrito em 1938, Rebeca é uma obra de fôlego, diversas vezes adaptada ao cinema. Porém, só em 1940, numa versão de Alfred Hitchcock, o filme ganharia protagonismo, chegando mesmo a vencer dois Óscares estando nomeado para nove categorias. Rebeca é um clássico onde os sentimentos adquirem um lugar de destaque. Sentimentos no feminino, já que se trata da história de duas mulheres que se envolvem com o mesmo homem, apenas com uma particularidade: Rebeca está morta. E é o fantasma, embora nunca visível, do seu passado que assombra a nova mulher, agora casada com o nobre britânico e apaixonado de Rebeca. A intriga é assombrosa e ao mesmo tempo envolvente deixando sempre a sensação de que Rebeca é omnipresente. E é com esta imagem antiga que a nova mulher do viúvo Maxim de Winter terá de enfrentar todos os que amavam Rebeca e que a encaram como alguém que veio para lhe roubar o lugar. Rebeca é o romance que celebrizou Daphne du Maurier e que conheceu 28 reedições em quatro anos só na Grã-Bretanha.

Opinião:
Não é frequente ter oportunidade de ler um livro assim. Daphne du Maurier terá alcançado fama e glória com este livro e não terá sido por mero acaso. Para além da sua escrita fina, intimista e deliciosamente adequada ao tempo que relata, a autora tem a capacidade de escrever um livro inteiro com uma personagem central inexistente. Rebeca é o coração de toda a obra e, no entanto, está já morta quando a trama se inicia e assim permanece ao longo de todo o livro. De forma fantástica, a autora mantém a primeira esposa de Maxim de Winter omnipresente.
Acompanhamos todo o livro sob a perspetiva da nova esposa de Maxim, da qual nunca conhecemos o primeiro nome. Uma jovem insegura e dedicada, quase sem personalidade distinguível, encurralada entre as recordações de Rebeca, que vai roubando a objetos que encontra e a um ou outro comentário que as várias personagens vão fazendo. A mística em torno de Rebeca nasce desta insegurança e cresce da parca informação que vai sendo disponibilizada. Com a jovem Mrs. de Winter vamos construindo a imagem de Rebeca, que surge magnanimamente, na beleza, na candura, na competência e na crueldade. Em tudo o que vai caracterizando Rebeca, ele é imensa. E é este o maior feito da autora, a sua capacidade de explorar a psique dos que rodearam esta personagem, criando através dela uma presença quase tangível de alguém que não existe, mas que é a peça essencial. Tudo acontece, ou não, por Rebeca. Delicioso!

Depois de uma leitura que me deixou tão impressionada, receei a transposição da obra para o grande ecrã. Nas mãos de Alfred Hitchcock, Rebeca ganhou o Oscar de melhor filme em 1940.
Não se trata de uma reprodução fiel do livro, o que já seria de esperar. No entanto, as adaptações feitas foram bem conseguidas, não tendo subtraído qualquer importância à obra escrita. Um ou outro pormenor poderiam ter sido mais explorados. No entanto, considerando o crescendo necessário para obter uma determinada reação no grande ecrã, sempre atendendo a restrições de tempo, creio tratar-se de um sucesso. As representações de Joan Fontaine, Judith Anderson e George Sanders foram fabulosas, conseguindo que permeasse através da tela a essência de cada uma das suas personagens.

Uma deliciosa inauguração para o nosso OSCARs Project! A não perder, livro e filme!

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