quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Entrevista com Peter V. Brett - autor de "O Homem Pintado"

Criado com uma dieta contínua de romances de fantasia, banda desenhada e jogos Dungeons & Dragons, Peter V. Brett («Peat», para os amigos) tem escrito histórias fantásticas desde que se lembra.

Formou-se em Literatura Inglesa e História da Arte na Universidade de Buffalo em 1995 e passou mais de uma década na área das publicações farmacêuticas, antes de regressar à sua paixão. Vive em Brooklyn com a mulher, Danielle, e com dois gatos, Jinx e Max Powers. “O Homem Pintado” é o seu primeiro livro.

O autor de "O Homem Pintado" teve a enorme gentileza de responder a algumas perguntas ao Páginas Desfolhadas. Descubram um pouco mais sobre Peter V. Brett:

Páginas Desfolhadas: Em “O Homem Pintado” usa símbolos como forma de protecção… Como chegou a este conceito?
Peter V. Brett: A magia simbólica, a ideia de que desenhos podem ter o poder de influenciar o mundo ao nosso redor está entre nós desde que os humanos começaram a pintar as paredes das cavernas, por isso não posso ter crédito na criação do conceito. Mas da mesma forma que os erros podem mudar o significado de uma frase, eu gostei da ideia de que símbolos mal desenhados ou estragados podia ser um desastre para os que dependem de protecção mágica. O sistema de guardas em “O Homem Pintado” cresceu a partir daí, uma magia simbólica complexa quase como um código de computador, em que um pequeno erro pode ter consequências enormes.

PD: Neste livro vemos a luta da Humanidade principalmente contra os seus próprios medos. É esta a principal batalha? A mais difícil de vencer?
PVB: Sem dúvida. Se essa batalha não for vencida, a verdadeira luta não pode sequer começar. Sei que na minha própria vida, sinto-me mais impedido pelos meus medos do que pelas minhas capacidades, e penso que será assim com a maior parte das pessoas. Isto é algo que espero que tenha significado para leitores de todos os lugares.

PD: Quando não existia uma ameaça, na história dos seus livros, os humanos entretinham-se a tentarem matar-se uns aos outros… Estava a tentar relembrar os acontecimentos a que assistimos todos os dias na vida real?
PVB: Sim, funciona como um comentário geral à natureza humana. Os nossos maiores problemas (fome, sede, doenças, etc.) poderiam ser resolvidos se dedicássemos metade dos recursos neles do que os que usámos direccionados a matarmo-nos uns aos outros. É um tema recorrente nas histórias que mesmo com demónios a atacar as guardas a alguns metros de distâncias, muitos humanos não conseguem parar de lutar entre si.

Dito isto, não estou a tentar fazer qualquer declaração específica sobre as políticas dos nossos dias no livro. É só uma história.

PD: Para os que adoraram “O Homem Pintado”, quais das suas influências lhes recomenda? Livros, filmes, jogos…
PVB: Tantos. Os meus escritores favoritos são JRR Tolkien, Terry Brooks, CS Friedman, George RR Martin e Robert Jordan, para nomear apenas alguns. Como a maior parte da minha geração, fui muito influenciado pelos filmes Star Wars originais e Indiana Jones, mas outros que adorei são The Dark Knight, Kill Bill, Brotherhood of the Wolf, Pitch Black, Equilibrium, LOTR, The Matrix, 300, e mais um bilião. Não sou um grande jogador de jogos de video, mas cresci a jogar Dungeons & Dragons, e acredito que aprendi mais sobre como contar uma história aí do que na escola.

PD: Pode revelar um pouco de “The Desert Spear”?
PVB: The Desert Spear vai focar-se em algumas personagens que apareceram em papéis menores no primeiro livro. Irá contar a história de Ahmann Jardir, o líder do povo Krasiano e desafiar as conclusões a que os leitores possam ter chegado sobre ele em “O Homem Pintado”. O livro também se focará em Renna Tanner, a rapariga da terra natal de Arlen à qual ele estava prometido quando era criança, e mostrar como ela será tão influente em moldar o futuro do mundo como qualquer outro personagem. Também haverá muitos outras cenas do ponto de vista de Arlen, Leesha e Rojer.

PD: Como descreve os demónios?
PVB: Os demónios, também conhecidos como nuclitas, são uma espécie de criaturas que vivem no Núcleo do planeta, e que irradiam magia. Estas criaturas estão cheias dela, sendo imortais e muito poderosas. No entanto, a magia é destruída pela luz do sol, logo os nuclitas só podem vir à superfície à noite. Vivem de ódio e fome pelas criaturas que habitam a superfície.

PD: Após a “Trilógia do Demónio”, o que podemos esperar de Peter V. Brett?
PVB: O “Ciclo do Demónio” não é uma trilogia, será antes uma série de cerca de 5 livros, sendo que todos foram propostos para filme pelo realizador de Hollywood Paul WS Anderson e o produtor Jeremy Bolt.
Depois do “Ciclo do Demónio” tenho mais alguns livros parcialmente escritos para os quais talvez volte, mas também penso em trabalhar em algo totalmente novo.

PD: Conhece Portugal? Se nunca pensou em visitor o nosso país, poderemos convencê-lo facilmente!
PVB: Adoro Portugal. A minha editora portuguesa, Gailivro, tem sido fantástica no apoio e promoção, fazendo um trailer incrível, t-shirts de demónio e um belo design para o livro. Espero conseguir visitar Portugal em breve.

PD: Internet, blogs, facebook... Os autores tem mais e mais formas de se aproximarem dos fãs. Para nós, é fantastico! E do seu ponto de vista? As opiniões dos fãs, o seu feedback, são realmente úteis? 
PVB: Adoro interagir com os leitores e sinto-me um sortudo por viver num tempo em que a tecnologia tornou possível comunicar instantanemanete com pessoas de todo o mundo, independentemente de linguagem ou distância. Escrever é um trabalho solitário e todas as vezes que um fã me contacta, dá-me força. O único problema é quando passo tempo a mais no facebook ou no meu blog quando deveria estar a trabalhar. :-)
Não costuma usar o feedback dos leitores no processo de escrita. Tenho uma ideia muito clara de para onde quero levar a história e tento permanecer fiel a isso, porém levo em consideração os comentários dos meus editores e de um pequeno grupo de leitores-teste muito próximos de mim.

PD: Muito obrigados por tudo!
PVB: Obrigado pela entrevista e pela opinião simpática! Não temas a escuridão!

Podem ler a versão original da entrevista, em inglês, aqui!

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