«Delphine crê que a sua incapacidade de escrever terá coincidido com a entrada de L. na sua vida. L. é a mulher perfeita: muito bonita, impecavelmente cuidada, tem grande sofisticação e inteligência. L. está também ligada à escrita – é ghost-writer. L. insinua-se lenta mas inexoravelmente na vida de Delphine: lê-lhe os pensamentos, adivinha-lhe os desejos e necessidades, termina-lhe as frases, torna-se totalmente indispensável – é a amiga ideal. Mas, aos poucos, veremos que ela isola Delphine, lhe lê os diários, a correspondência. Entra na vida da amiga de forma insidiosa, e nela permanece, apropriando-se de tudo. É aqui que há um volte-face na intriga – até agora muito perto do real – e numa possibilidade autobiográfica.
Um livro apaixonante sobre relações de poder, sobre o papel do escritor e da literatura. Um jogo de espelhos complexo e hábil, sempre entre a realidade e a ficção.»Este livro começa por contar a história de um criado indiano em Washington, que adquire a cidadania americana, mas que sente já não fazer parte do grande fluxo da vida. Segue-se a história do caribenho de origem asiática em Londres: está perturbado, preso por homicídio, mas nunca saberá onde se encontra. A terceira narrativa, a principal, desloca-se para África, para um país ficcional parecido com o Uganda ou o Ruanda. As personagens centrais são dois ingleses, que no passado sentiam África como um continente libertador, que entretanto o deixara de ser. Em tempo de conflitos tribais, no meio de uma grande insegurança, os dois terão de empreender uma longa viagem.«A Cidade e a Montanha vigiam-se mutuamente, num jogo de espelhos e de contrários, numa geometria de centros e periferias, num enredo de poderes e de ocultações, onde muitas são as maneiras de viver a clandestinidade e muitas são as clandestinidades: escondidas, distantes; umas, vividas; outras, à vista de todos.
Dois homens, Marcel e Norberto, atravessam, juntos, todo o tempo de uma vida. Escolheram, para viver, a ficção, e é nela que são clandestinos. Com eles vêm encontrar-se João Francisco e Otília. Ele, violinista e professor de música, ela, a sua jovem neta, ambos na busca incessante do sublime, também eles recusados pela realidade.
Um homem que escrevia azulejos – que reencontrou a utopia e gostava da sátira – reparou neles e pintou-os com palavras.
O Homem Que Escrevia Azulejos, de Álvaro Laborinho Lúcio, debate e ilumina-se das grandes ideias da modernidade, enquanto observa, não sem algum detalhe pícaro, a falência das sociedades em que vivemos. Um romance culto e empenhado sobre o poder, e o poder redentor da arte e do amor.»
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