Título: A Eterna Demanda
Autora: Pearl S. Buck
Editora: Elsinore
Sinopse:
Sou suficientemente americana, talvez, para querer casar-me
contigo passando por cima de tudo aquilo que sou, mas, ai de
mim, chinesa que baste para saber que devo ponderar.
Que pode o conhecimento dos livros contra a experiência íntima
da vida? Randolph, jovem de extraordinária criatividade, parece
ter um destino traçado para o êxito. Nascido nos Estados Unidos,
parte pela Europa e Ásia com o desejo de descobrir o mundo
vivendo-o, numa sede interminável de sabedoria.
Numa estadia em Paris, o seu caminho cruza-se com o de
Stephanie. Filha de pai chinês e mãe norte-americana, também ela
procura compreender e encontrar um lugar que seja seu,
dividindo-se entre duas culturas aparentemente opostas.
Separados durante longos intervalos e assim entregues aos seus
fantasmas pessoais, preparam-se os dois para descobrir que se
pode conciliar o conhecimento e a experiência, bem como as
heranças ocidental e oriental, mas isso terá um preço…
Décadas depois da sua morte, em 1973, a recente descoberta do
manuscrito de A Eterna Demanda, agora editado, revela-nos
aquele que talvez seja o trabalho mais pessoal de Pearl S. Buck,
nesta sua derradeira obra, uma comovente exploração da
identidade que forjamos para nós próprios e para os outros.
O romance perdido, agora redescoberto, de uma das mais
amadas escritoras norte-americanas.
Opinião:
Nunca tinha lido nada de Pearl S. Buck, apesar de reconhecer a sonoridade do seu nome. Ter a possibilidade de ler aquele que parece ter sido o seu último romance, inacabado e perdido por décadas, trouxe uma aura de misticismo à obra.
A primeira parte do livro é quase mágica. Acompanhar Ran desde o inicio da sua perceção de existência, ao longo da evolução extraordinária que teve a sua mente é uma viagem tão estranha quanto fantástica. Sem perder a noção de normalidade rotineira, uma mente brilhantemente inquisitiva cresce como um feijoeiro mágico deixando estupefactos todos os que assistem a este milagre.
Belamente escrita, com uma cadência tranquila e natural, a primeira parte deste livro diferencia-se da segunda em vários aspetos. Nessa segunda parte a ação decorre a uma velocidade quase estonteante. Continuamos a acompanhar Ran, tudo o que experiência e a forma como essas experiências contribuem para o seu crescimento mas perdemos a fineza desse crescimento. As introspeções são menos profundas e elaboradas. Os acontecimentos atropelam-se uns aos outros de forma cada vez mais alucinante até ao final que se revela dramático e brutal, demasiado rápido para a forma como o livro começou.
Sabendo que nem toda a obra foi escrita pela autora, percebe-se que haja alguma diferença na narrativa. No entanto tenho pena. Esta seria uma obra a galardoar, com certeza, se a autora tivesse oportunidade de a terminar.
De qualquer forma, acho que é uma obra merecedora de atenção. Abre horizontes.
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