Aldo Cassidy é o amante ingénuo e sentimental. Homem bem-sucedido e judicioso, é arrancado às pacatas certezas da sua vida por um repentino encontro com um casal com quem estabelece uma estranha ligação: Shamus, um artista desbragado e estroina, que dissipa dias e noites em farras intermináveis; e Helen, a sua bela mulher, manifestamente sedutora.
Precipitado num turbilhão de imprudência e espontaneidade, Cassidy torna-se um homem desorientado e confrangido ao ver-se dilacerado entre dois polos de uma natureza mais complexa do que alguma vez imaginara.
Quem terminará com quem é um dos mistérios deste livro em que John le Carré, abordando um tema completamente diferente daqueles pelos quais ficou conhecido, confirma o seu lugar como um dos maiores ficcionistas do nosso tempo.
Publicado em 1972, Tereza Batista Cansada de Guerra é a história da luta de uma mulher num ambiente quase sempre áspero e hostil, poderosamente hostil. Mundo de sofrimento, miséria e violência que Tereza começa a conhecer muito cedo – primeiro, com a orfandade; segundo, quando é vendida pela tia, ainda menina, a um certo capitão Justo. Sob o açoite do seu dono, vai experimentar, à flor da pele e ao fundo de si mesma, o sentido da palavra «servidão». No entanto, apesar de viver desde a infância a privação da liberdade, para Tereza Batista só a alegria é importante. Fortalecida pela consciência do seu valor como mulher, irá usar todo o seu poder de sedução para marcar a sua presença na sociedade, afirmar a sua força e dar resposta ao mundo que a oprime.
A luta de Tereza Batista é a metáfora da luta de milhões de mulheres em todo o mundo, e brota com grande riqueza da narrativa de Jorge Amado, que de novo nos presenteia com uma personagem fascinante: uma mulher cuja personalidade indomável e muitas vezes imprevisível entra em conflito com as convenções e se rebela contra o destino que lhe tentam impor.
Esta narrativa de João de Melo é uma crónica dos prodígios que fazem a história de uma comunidade rural perdida algures nos Açores. Narrativa mítica, sem cronologia, que começa in illo tempore e prossegue seguindo o fio das ocorrências fantásticas (a chuva dos noventa e nove dias, o dia em que os animais choraram, o dia em que se viu a outra face do Sol, a morte e ressurreição de João-Lázaro) e das vidas de personagens excessivos e arquetípicos (um padre venal, um regedor hercúleo e despótico, um curandeiro e um santo) que povoam um lugar perdido nas brumas do tempo, no outro lado da ilha, progressivamente devolvido à comunicação com o mundo.CC de Poitiers tinha um ego do tamanho do mundo e não descansou enquanto não viu o seu livro de autoajuda publicado com o seu rosto na capa. Era autoritária, detestada por todos, mas decerto nunca pensou vir a morrer eletrocutada numa pista de Curling numa aldeia nos confins do Canadá.
Armand Gamache, o inspetor-chefe da Sûreté do Quebeque, também jamais imaginou regressar tão cedo a Three Pines, muito menos na quadra natalícia, tempo de paz e fraternidade a contrastar com o estranho crime. Chamado a liderar a investigação, cedo descobre que CC de Poitiers não era sequer amada pelos familiares mais próximos e coleccionava inimigos.
Mas Gamache também tem os seus próprios inimigos e não tarda a perceber que não pode confiar em ninguém.
Enquanto um vento agreste sopra em Three Pines, trazendo consigo um manto de neve, há uma verdade mais arrepiante que se insinua…
No 50º Aniversário da Dom Quixote, reúnem-se num único volume os dois primeiros livros de poesia de Nuno Júdice, ambos publicados na colecção Cadernos de Poesia – A Noção de Poema em Março de 1972 e Crítica Doméstica dos Paralelepípedos em Junho de 1973.
Nestes dois livros, o então jovem poeta, na altura estudante de Filologia Românica na Faculdade de Letras de Lisboa, afirmou-se como uma voz singular de grande qualidade, como que antevendo o sucesso que tem sido a sua carreira literária.
Numa idílica ilha frente a Fjällbacka houve em tempos um colégio, propriedade de uma família que, no Domingo de Páscoa de 1974, desapareceu deixando para trás uma bebé de meses. Na altura, o mistério deixou a Polícia perplexa: o que poderia levar os pais a abandonarem uma bebé? Teriam sido raptados? Assassinados?
Apesar dos esforços das autoridades locais, não foi encontrado rasto da família nem qualquer explicação plausível para o sucedido. A bebé, Ebba, foi entregue a uma família que a acolheu e educou e a investigação foi arquivada. Agora, muitos anos depois, Ebba regressa à ilha com o marido. Acabaram de perder o seu único filho e tentam começar uma nova vida restaurando o velho colégio abandonado. Porém, com a chegada de Ebba à ilha, regressam também os estranhos acontecimentos.
Ao completar quarenta anos, Madame Wu leva a cabo a decisão que tomou há já algum tempo: comunica ao marido que, após vinte e quatro anos de casamento, não deseja ter mais contacto físico com ele, e pede-lhe que tome uma concubina para saciar os seus desejos carnais. A Casa Wu, uma das mais antigas e reverenciadas da China, é apanhada de surpresa e fica indignada com esta decisão, mas Madame Wu não se deixa dissuadir e escolhe uma jovem camponesa para tomar a sua vez no leito conjugal. Elegante e distante, Madame Wu planeia esta alteração na sua vida da mesma forma como sempre geriu uma casa onde coabitam mais de sessenta familiares e criados. Tendo seguido o costume chinês de se casar com um homem escolhido pelos pais, e sido uma esposa perfeita em todos os aspetos, agora deseja libertar-se e viver apenas para satisfazer o seu espírito.
Quando o filho começa a ter lições de inglês, percebe que também ela gostava de aprender esta língua. E assim trava conhecimento com o irmão André, um estrangeiro com a mente à sua altura e que irá alterar a sua vida.
Neste ensaio, Miguel Real reflecte sobre os efeitos da interrupção do processo de modernização europeia de Portugal nos últimos quinze anos e o que representam para diferentes grupos sociais antes e depois dessa interrupção figuras como Siza Vieira e Olga Roriz, Joana Vasconcelos, Cristiano Ronaldo ou José Mourinho.
O presente título insere-se numa colecção na qual foram já publicados três outros livros de Miguel Real: Nova Teoria do Mal, Nova Teoria da Felicidade e Nova Teoria do Sebastianismo.
Londres, Janeiro de 2014. No espaço de 32 horas, seis crianças são raptadas das ruas da capital quase sem deixar rasto. Porém, não se trata de crianças escolhidas ao acaso. Os miúdos desaparecidos são descendentes dos mais ricos, filhos e filhas da elite internacional. Do outro lado da cidade, uma jovem entra nos escritórios da Fundação LOST, pertencente a Charles Boxer. Boxer sabe muito bem o que é perder aqueles que mais se ama, e é incapaz de recusar o pedido da jovem para que encontre o seu pai. A polícia destacou a sua melhor equipa para o caso dos raptos – incluindo Mercy, a ex-mulher de Boxer –, todavia um acontecimento daquele calibre significa que também a CIA, o MI5 e o negociador privado dos pais quererão estar envolvidos.
Contudo, descobrir a identidade dos raptores, de que forma possuem a capacidade e os recursos necessários para raptarem algumas das mais bem guardadas pessoas do país e aquilo que desejam realmente, são questões cuja resposta pode ter um preço demasiado alto.
Que pensa uma mulher de sessenta anos enquanto os homens se matam uns aos outros? Que a preocupa além da crise e das guerras? Que utilidade lhe encontram, quanto vale para certas pessoas? Que amores ainda a podem surpreender? Que esperanças, que forças lhe restarão antes de se render à idade?
Numa época em que a beleza e a juventude se apresentam como divindades e o dinheiro se revela – dir-se-ia – como a única religião verdadeiramente ecuménica do Mundo, é com a singularidade do indivíduo à margem destes padrões que a grande humanidade se identifica. Talvez por isso, Rita Ferro teime em deixar o testemunho do seu tempo, lugar e circunstância, partilhando com os leitores o seu Diário 2, interlocutor das suas memórias, perplexidades e reflexões na passagem para os sessenta.
Estão reunidos, neste livro, três pequenos livros do autor, que representam temas recorrentes na sua obra, uma espécie de ruído de fundo que o acompanha: contos interrompidos, situações sem saída, sonhos próprios ou alheios, equívocos e coincidências.
Em Os Três Últimos Dias de Fernando Pessoa, Antonio Tabucchi descreve, numa narrativa imaginária, a morte de um dos maiores escritores do Século XX
domingo, 12 de julho de 2015
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