Na segunda semana de Setembro de 1975, na casa da família, Diogo, o patriarca, agoniza, ao longo dos cinco dias da festa da povoação. Projecta-se assim para primeiro plano a festa de Monsaraz, no terceiro dia da qual a pega de um touro culminará na sua morte, desenrolando-se os preparativos em simultaneidade com a agonia do ancião, o qual virá a morrer ao mesmo tempo que o animal. Neste contexto, os vários membros da família contam do círculo de ódio em que estão aprisionados, e em que participam, introduzindo-os nas histórias individuais, e do conjunto, desde crianças. Ao velho patriarca, a infância sofredora de filho punido a chicote, a traição do irmão e da mulher, a decepção com os filhos, levaram-no a proceder como dono de pessoas e bens, usufruindo do poder e do prazer malévolo de destruição de uns e de outros.50 anos depois de Praça da Canção, a Dom Quixote edita Bairro Ocidental, de Manuel Alegre, um livro em que, tal como no primeiro, o poeta afirma a sua confiança na força da palavra poética.
Tal como há 50 anos, a poesia de Manuel Alegre seduz o leitor não só pela qualidade e o inesperado da linguagem mas também pela força que recebe de raízes que mergulham no presente histórico.
Tal como em Praça da Canção, também em Bairro Ocidental o poeta vem dizer-nos que é necessária e urgente a nossa Libertação, título do poema com que termina o primeiro segmento do livro.
No dia 26 de Março de 1487, o Sol apaga-se subitamente no reino de Portugal. Sem explicação para tão súbitas trevas – que uns atribuem à maldade castelhana e outros à heresia dos judeus –, D. João II envia dois espiões em demanda da solução que restitua a luz ao País e evite o seu definhamento. Com Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva irá também, guardado num estojo, um par de olhos de diamante que outrora pertenceram a um menino chamado Mil-Sóis, cujo olhar cegava quem o encarasse, e que são a peça fundamental desta missão.
O Dia em Que o Sol Se Apagou, finalista do Prémio LeYa em 2014, é uma obra fascinante que inventa um cataclismo improvável para reescrever o período áureo da História de Portugal. Um romance de luz e sombra, de avanços e recuos, que cruza fantasia com rigor histórico. E que, no final, responderá a duas questões essenciais: irá o Sol regressar a Portugal? É a Europa o lugar certo para que Portugal continue a existir?
Minha Senhora de Mim, o nono livro de poesia de Maria Teresa Horta, foi editado em Abril de 1971 pela Dom Quixote, na colecção Cadernos de Poesia. Em 3 de Junho seguinte, a editora foi objecto de um auto de busca e apreensão da obra por parte da PIDE/DGS, operação que foi extensiva a todas as livrarias do país. A proprietária da editora, Snu Abecassis, foi advertida por César Moreira Baptista, subsecretário de Estado da Presidência do Conselho, então ocupada por Marcello Caetano, de que a Dom Quixote seria encerrada caso voltasse a publicar qualquer obra de Maria Teresa Horta.Na Páscoa de 1126, em Viseu, o príncipe Afonso Henriques conhece uma bela rapariga galega, de seu nome Chamoa Gomes, por quem se apaixona perdidamente. Contudo, sua mãe, Dona Teresa, regente do Condado Portucalense, irá proibir aquele casamento, pois Fernão Peres de Trava, seu amante, não admite que o príncipe se enlace com sua sobrinha Chamoa. A fúria de Afonso Henriques é imensa. Zangado com a mãe, arma-se a si próprio cavaleiro, na Catedral de Zamora; recusa prestar vassalagem ao novo rei de Leão, Castela e Galiza, o seu primo Afonso VII; e começa a liderar os portucalenses de Entre Douro e Minho, entre os quais Egas Moniz e seu irmão Ermígio, que vivem revoltados com a influência do Trava e as decisões de Dona Teresa.
Cresce a convulsão no Condado Portucalense e todos são arrastados por ela. Nobres e almocreves, amigos e conselheiros, mulheres e trovadores, pais e filhos, envolvem-se num conflito sangrento, que terminará com a inevitável batalha de São Mamede, em Guimarães.
Num grande hotel, as paredes têm ouvidos e os espelhos já viram muitos rostos ao longo dos anos: homens e mulheres de passagem, buscando ou fugindo de alguma coisa, que procuram um sentido para os dias. Num quarto pode começar uma história de amor ou terminar um casamento, pode inventar-se uma utopia ou lembrar-se a perna perdida numa guerra, pode investigar-se um caso de adultério ou cometer-se um crime de sangue.
Em três épocas diferentes, entre guerras que passaram e outras que hão-de vir, as personagens de Se Eu Fosse Chão – diplomatas, políticos, viúvos, recém-casados, crianças, actores, prostitutas, assassinos e até alguns fantasmas – contam histórias a quem as queira escutar.
Neste ensaio pessoal – adaptado de uma conferência TED – Chimamanda Ngozi Adichie apresenta uma definição única do feminismo no século XXI. A escritora parte da sua experiência pessoal para defender a inclusão e a consciência nesta admirável exploração sobre o que significa ser mulher nos dias de hoje. Um desafio lançado a mulheres e homens, porque todos devemos ser feministas.A Vivenda Pérola é o que resta da antiga opulência da família Mendes que agora espera ansiosamente pela herança do tio Leonardo, uma herdade no Alentejo, junto da barragem do Alqueva, que sonham transformar num empreendimento de luxo para turistas.
Um romance com um estilo muito coloquial e vivo com temas da actualidade: a política, os amores e desamores, as quezílias familiares e a ambição pelo dinheiro e pelo poder.
Numas termas, sete pessoas em busca da felicidade envolvem-se e afastam-se ao ritmo de uma «valsa» orquestrada por Milan Kundera com o seu habitual humor. Ruzena, uma bela enfermeira, Klima, um músico de jazz, Jakub, antigo militante e vítima das depurações, o doutor Skreta, diretor dos serviços de ginecologia das termas, e Bertlef, o americano, são algumas das personagens que durante cinco dias se debatem nesta Valsa do Adeus, construída com o rigor de um romance clássico e fruto de uma rara capacidade de síntese e do forte poder inventivo que caracterizam as obras do autor.
sexta-feira, 8 de maio de 2015
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