Abrangendo os anos de 2007 a 2014, Diário da Abuxarda é uma leitura fascinante sobre o correr do tempo, em que notas sobre o dia-a-dia alternam com considerações sobre factos políticos, viagens, amigos, família, literatura ou arte, sempre com a lucidez e a ironia subtil que tornam Marcello Duarte Mathias um caso ímpar na escrita diarística em Portugal.
(…) «No fundo, fui toda a vida um flâneur – sorte, a minha! – e se estas páginas algum mérito têm é essa atenção simultaneamente empenhada e distraída com que olho o tempo e o mundo à minha volta. E cá vou ficando à espera do que tarda em chegar: uma verdade em forma de conclusão.»
Uma nova edição que assinala os 75 anos de uma obra que tem acompanhado várias gerações de leitores. Sobre este livro, dirigindo-se ao leitor, Miguel Torga escreveu o seguinte no prefácio:
(…) «És, pois, dono como eu deste livro, e, ao cumprimentar-te à entrada dele, nem pretendo sugerir-te que o leias com a luz da imaginação acesa, nem atrair o teu olhar para a penumbra da sua simbologia. Isso não é comigo, porque nenhuma árvore explica os seus frutos, embora goste que lhos comam. Saúdo-te apenas nesta alegria natural, contente por ter construído uma barcaça onde a nossa condição se encontrou, e onde poderemos um dia, se quiseres, atravessar juntos o Letes».
A imortal história do Cavaleiro da Triste Figura que, acompanhado pelo seu fiel escudeiro, Sancho Pança, atravessa montes e vales, lutando contra moinhos de vento e cavaleiros imaginários em nome da justiça. Retrato do anti-herói, Dom Quixote, o fidalgo enlouquecido, representa a capacidade de transformação do homem em busca dos seus ideais.
Escrito no século XVII, é um livro intemporal que continua a fascinar sucessivas gerações de leitores em todo o mundo. Repleto de aventuras e situações fantásticas, com um imaginário único, que marcou a história da literatura, este é muito mais do que um romance de cavalaria. Pelo contrário, ao satirizar os romances de cavalaria, em voga na época, Dom Quixote afirma-se como o clássico fundador do romance moderno. O humor, as digressões e reflexões, a oralidade nas falas e a metalinguagem marcaram o fim da Idade Média na literatura.
A sua importância é tal que as figuras de Dom Quixote e de Sancho Pança são talvez visualmente familiares a mais pessoas em todo o mundo do que qualquer outra personagem literária.
Eu não Venho Fazer Um Discurso é a terceira frase do texto que, aos dezassete anos, Gabriel García Márquez leu aos seus colegas do liceu de Zipaquirá e é também o título que escolheu para este livro onde se reúnem todos os textos que escreveu para ler em público. Em 1972, afirmou na cerimónia de entrega do Prémio Rómulo Gallegos por Cem Anos de Solidão que havia duas coisas que tinha prometido a si mesmo nunca fazer: «receber um prémio e pronunciar um discurso». Mas, dez anos depois, recebeu o Prémio Nobel, e teve de fazer o discurso mais importante da sua vida de escritor. Desde então, este género tornou-se essencial para a sua carreira como autor cuja presença era solicitada em todo o mundo. Perante ouvintes tão variados como companheiros de secundária, reis e presidentes, militares, cineastas, jovens admiradores, ou colegas jornalistas e escritores, García Márquez aborda, entre inúmeros temas, a sua vocação, a paixão pelo jornalismo, a inquietação perante o perigo da proliferação nuclear, a proposta para simplificar a gramática, os problemas da sua terra colombiana ou a lembrança emocionada de amigos escritores como Julio Cortázar e Álvaro Mutis, entre outros.Pêro da Covilhã, o formidável espião de D. João II, injustamente esquecido pelos historiadores e quase desconhecido dos portugueses, é uma personagem histórica invulgar, cujas acções tiveram enorme repercussão no xadrez político da Europa. Escudeiro do rei, que o escolhia para as missões mais secretas e arriscadas, era dotado de qualidades e talentos excepcionais: memória fotográfica, extraordinária aptidão para aprender línguas, mestria na arte do disfarce para assumir as mais diversas identidades, capacidade de adaptação ao imprevisto, perícia no manejo de todas as armas do seu tempo, uma imensa coragem e espírito de sacrifício, ideais cavaleirescos da Demanda, da Aventura e do culto da Mulher e do Amor.
A autora convida-nos a acompanhar Pêro da Covilhã na sua longa peregrinação de cerca de seis anos pelas regiões do Mediterrâneo, Mar Vermelho, Arábia, Pérsia, costas do Índico, Calecut, África Oriental e Etiópia, e descobrir lugares, povos e culturas nunca antes vistos por um ocidental, cujos costumes lhe eram completamente estranhos.
Em 1968, Kimberly Parker, uma jovem professora de Literatura, atravessa os Estados Unidos para ir ensinar no colégio mais elitista da Nova Inglaterra, dirigido por uma mulher carismática e misteriosa chamada Sarah Gross. Foge de um segredo terrível e procura em St. Oswald’s a paz possível com a companhia da exuberante Miranda, o encanto e a sensibilidade de Clement e sobretudo a cumplicidade de Sarah. Mas a verdade persegue Kimberly até ali e, no dia em que toma a decisão que a poderia salvar, uma tragédia abala inesperadamente a instituição centenária, abrindo as portas a um passado avassalador.
Nos corredores da universidade ou no apertado gueto de Cracóvia; à sombra dos choupos de Birkenau ou pelas ruas de Auschwitz quando ainda era uma cidade feliz, Kimberly mergulha numa história brutal de dor e sobrevivência para a qual ninguém a preparou.
Um romance trepidante, finalista do Prémio Leya 2014, que nos dá a conhecer a cidade que se tornou o mais famoso campo de extermínio da História.
Suite Francesa é, ao mesmo tempo, um brilhante romance sobre a guerra e um documento histórico extraordinário. Uma evocação inigualável do êxodo de Paris após a invasão alemã de 1940 e da vida sob a ocupação nazi, escrito pela ilustre romancista francesa Irène Némirovsky ao mesmo tempo que os acontecimentos se desenrolavam à sua volta.
Embora tenha concebido o livro como uma obra em cinco partes, Irène Némirovsky só conseguiu escrever as duas primeiras partes, Tempestade em Junho e Dolce, antes de ser presa, em Julho de 1942. Morreu em Auschwitz no mês seguinte.
O manuscrito foi salvo pela sua filha Denise; foi apenas décadas depois que Denise descobriu que o que tinha imaginado ser o diário da mãe era na verdade uma inestimável obra de arte, que viria a ser aclamada pelos críticos europeus como um Guerra e Paz da Segunda Guerra Mundial.
O livro acaba de ser adaptado ao cinema por Saul Dibb, realizador de A Duquesa, e conta com as interpretações de Michelle Williams, Kristin Scott Thomas, Matthias Schoenaerts, Sam Riley, Ruth Wilson, Lambert Wilson e Margot Robbie.
terça-feira, 14 de abril de 2015
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário