Um Circo que Passa revela bem o estilo de Patrick Modiano, fortemente marcado pela Guerra, pelos anos 40 e pela sua própria infância.
A polícia, os bares duvidosos e as ruas de uma cidade simultaneamente amiga e inimiga – é nesta Paris dos anos 60 que acompanhamos a fuga e as deambulações de um casal à procura do amor. Uma história que tem como narrador Jean, e em que toda a acção gira em torno do seu relacionamento, aos dezassete anos, com a misteriosa Gisèle. Ambos têm muito a esconder um do outro. Partilham, porém, os mesmos sonhos.
Em Domingos de Agosto entramos num fascinante labirinto de mistérios. Por que motivo o narrador fugiu das margens do Marne com Sylvia para se esconderem num obscuro quarto de Nice? Qual a origem do diamante Cruz do Sul, que Sylvia arrasta consigo como uma promessa e uma maldição? De que morreu o popular ator Aimos? Quem é Villecourt? Quem são os Neal, esse estranho casal cujo carro ostenta uma matrícula diplomática? E por que estão tão interessados em Sylvia, no narrador e no Cruzeiro do Sul? Ao longo das páginas deste misterioso romance, onde se cruzam todos estes enigmas, nasce uma história de amor que exala um fascínio que irá dominar o leitor por muito tempo.Perturbado com os acontecimentos que levaram à detenção do Boneco de Neve, o inspector Harry Hole refugia-se em Hong Kong onde as únicas regras a que obedece são as que lhe são impostas na sordidez das salas de ópio. Enquanto isso, em Oslo, num inverno excepcionalmente ameno, a Polícia depara-se com o brutal assassino de duas mulheres. Sem pistas, sem perceber que arma do crime seria capaz de provocar os ferimentos que apresentavam, e com a investigação num impasse, só lhe resta encontrar Harry Hole e convencê-lo a colaborar. Com o pai gravemente doente no hospital, Harry Hole acaba por regressar à Noruega. Não tenciona trabalhar na investigação mas o instinto leva a melhor quando a Polícia encontra uma terceira vítima num parque da cidade, violentamente assassinada. Quando consegue desvendar a ligação entre as vítimas, Harry Hole percebe que está a lidar com um psicopata que, tal como O Boneco de Neve, o vai levar ao limite das suas capacidades.O que nos acontece depois da morte? É esta a pergunta implícita ao longo das páginas deste romance. Um livro que impõe a vida, em protesto contra a tragédia da morte humana, recusando-se a aceitar o silêncio e a escuridão do desconhecido e do sagrado: os mistérios acreditados pela fé de muitos, mas não pela angústia dos que questionam o Além.
Com uma abordagem distinta dos conceitos tradicionais, e numa escrita marcada pelo realismo fantástico, João de Melo humaniza a imagética cristã, conferindo-lhe uma realidade mais próxima do mundo e da vida.
Uma viagem pela vida e pelo Além em que o leitor é guiado por diversos narradores: vozes comprometidas, trágicas, cómicas, que narram a excepção e a realidade do Homem no nosso mundo.
Do fabuloso monólogo de Lilith num paradisíaco ventre materno, primeiro conto deste volume, até «Estrela», que fecha o livro, numa violenta, mas irresistível, história de abuso sexual paterno que leva a filha ao suicídio, Maria Teresa Horta traça, num português sumptuoso, ao longo de trinta e dois contos, uma vasta e belíssima galeria de meninas. Quase todas negligenciadas, quando não abandonadas e maltratadas, entregam-se à magia ou à leitura salvadoras. É assim com Beatriz, à beira do abismo no Faial, com Laura, abandonada pela mãe em «Eclipse», com Branca, perseguida pela madrasta e o pai, com Maria do Resgate, que abre a porta aos anjos na falta da mãe, com Rute, ladra «sem culpa» de uma rosa apaixonante. Mas também com a infância de personagens históricas como a sanguinária condessa húngara Erzsébet, com a rebelde Carlota Joaquina, inconformada com um destino que não quis, a seduzir e a enfeitiçar o pintor Maella, autor do seu retrato oficial, ou literárias como Katie Lewis, apaixonada pela leitura e assim retratada por Edward Burne-Jones, a gerar o fascínio de Oscar Wilde.
sexta-feira, 7 de novembro de 2014
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