«A única coisa é a vida. A única coisa é a vida de cada um. Sem vida, nada feito. Viver não é a melhor coisa que há: é a única coisa. Cada momento da vida não é único. Mas há momentos únicos. A nossa felicidade não é passá-los como quisermos. É dar por ela a aproveitá-los. (…) A única coisa é saber que um dia virá em que nos será tirada a vida. Para sempre. Mas, por sabermos isso, não podemos perder tempo a pensar nisso. (…) A única coisa é estar aqui, agora, a escrever isto. Enquanto posso. Enchendo-me de alegria.»Desde sempre, Rose, ao entardecer, olhava o céu em busca da estrela da tarde. Era aquela estrela, agora que a sua memória a estava a abandonar, que lhe permitia recordar-se de quem era e de onde vinha; que a transportava para os seus dezassete anos, para uma confeitaria nas margens do Sena. Ninguém conhecia a sua história, nem sequer a sua neta, Hope. Num dos seus raros momentos de lucidez sente que é importante falar-lhe de um passado longínquo, que manteve em segredo durante setenta anos e que em breve ficará perdido para sempre. Munida de uma lista de nomes e de fragmentos de uma vida, Hope parte para Paris em busca de respostas.
Para Hope esta será também uma viagem de descoberta: de tradições religiosas há muito diluídas, de histórias vividas numa Paris ocupada onde o amor sobrevive e, sobretudo, da sua capacidade de recomeçar e acreditar em si mesma.Para Harold Fry os dias são todos iguais. Nada acontece na pequena aldeia onde vive com a mulher Maureen, que se irrita com quase tudo o que ele faz. Até que uma carta vem mudar tudo: Queenie Hennessy, uma amiga de longa data que não vê há vinte anos, e que está agora doente numa casa de saúde, decide dar notícias. Harold responde-lhe rapidamente e sai para colocar a carta no marco do correio. No entanto, está longe de imaginar que este curto percurso terminará mil quilómetros e 87 dias depois.
E assim começa esta viagem improvável de Harold Fry. Uma viagem que vai alterar a sua vida, que o leva ao encontro de si mesmo, a descobrir os seus verdadeiros anseios há tanto adormecidos e sobretudo vai ajudálo a exorcizar os seus fantasmas. Com este primeiro romance sobre o amor, a amizade e o arrependimento, A improvável viagem de Harold Fry, que recebeu o National Book Ward, para primeira obra, Rachel Joyce revela-se uma irresistível contadora de histórias.Há segredos que não podem ficar enterrados para sempre…
Numa encosta perto de Reiquejavique, algumas crianças brincam junto aos alicerces de uma nova casa em construção quando, de forma inesperada, encontram uma costela humana.
A mórbida descoberta leva de imediato o inspetor Erlendur e a sua equipa da polícia científica a instalarem-se no terreno, unindo esforços para desenterrar o resto do corpo secretamente sepultado e ao mesmo tempo investigar aquele estranho caso feito de contornos brutais, escondido debaixo da terra desde o período da II Guerra Mundial.
À medida que cada osso vai sendo desvendado, também a história de violência doméstica e corrupção no seio de uma família vem ao de cima, oferecendo àquele mistério sinais cada vez mais tenebrosos de que o terror pode ser coisa de gente comum.
O caso exige toda a coragem que o inspetor Erlendur possa encontrar em si, ele que, assistindo à morte lenta da própria filha toxico-dependente, que depois de abortar entra num coma profundo, não pode evitar confrontar-se com as responsabilidades de ter levado, também ele, a sua família a uma degradação quase completa.
Livro concebido pelo fotógrafo João Francisco Vilhena, com textos dos Cadernos de Lanzarote, de José Saramago, a partir do seu encontro com o escritor na ilha onde este fincará as raízes que darão lugar à segunda parte da sua vida literária, numa profunda ligação com a natureza – qual regresso às origens, narradas n’As Pequenas Memórias – e face à aproximação da velhice e da morte. Um livro belíssimo sobre o sentido da vida e da escrita, uma homenagem a Saramago no momento em que se comemoram os quinze anos da atribuição do Prémio Nobel.
quarta-feira, 30 de abril de 2014
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