O elemento «luz», que atravessa a obra poética do autor, insere-se aqui na memória de infância, através da imagem das estrelas cadentes, enxertia das «noites mais escuras», levando, «por instantes às vezes», a iluminar «mesmo os mais descrentes» («décima segunda enxertia»). E a figura do avô transfigura-se na própria figura do poeta, que, enxertando as palavras, procura a luz na «oculta seiva» («décima quarta enxertia»).Pessoa não foi alheio a praticamente nenhuma das grandes questões do seu tempo. Uma delas foi a "Questão ibérica", isto é, o futuro político dos dois países e das muitas regiões que constituem a península ibérica, quer através de uma união luso-espanhola, quer através de uma confederação de nações. Esta foi uma questão que ganhou novamente vigência na segunda metade da década de 1910 e na qual Pessoa quis intervir. Uma questão, aliás, afim ao projecto pessoano da «refundação mítica da existência», porque Pessoa queria que se formasse uma Ibéria una e múltipla em que Portugal, depois do aparecimento do Super-Camões (o próprio Pessoa), não perdesse protagonismo cultural. A questão ibérica é também uma questão identitária, e esta é uma questão que, quer no plano individual, quer no plano colectivo, está no centro da estética e da filosofia pessoanas. Mais do que político, o iberismo de Fernando Pessoa foi do tipo cultural e esteve intimamente ligado às ligado às suas preocupações com questões de identidade.«Memórias de Adriano» tem a forma de uma longa carta dirigida pelo velho imperador, já minado pela doença, ao jovem Marco Aurélio, que deve suceder- lhe no trono de Roma (século II d.C.). Pouco a pouco, através desta serena confissão, ficamos a conhecer os episódios decisivos da vida deste homem notável. Vencedor do prémio Femina Varesco, este romance é seguramente um dos mais importantes de Marguerite Yourcenar, e uma das obras de referência da literatura contemporânea.“Pessoa Existe? Existem múltiplos "Pessoas". Múltiplos personae. O Pessoa íntimo, o Pessoa político, o Pessoa esotérico, o Pessoa poeta inglês; o Pessoa menino da sua mãe, o Pessoa empregado de escritório, o Pessoa por conhecer, o Pessoa empresário, etc. E, antes mesmo desta multiplicação póstuma, existe o Pessoa que escrevia como Caeiro, como Campos e como Reis. A cisão da obra em ortónima e heterónima. A proliferação do autor: autor dos autores. // A maior parte dos editores e críticos apresentam apenas um Pessoa. Criam essa coordenada chamada "Pessoa", coordenada que o poeta teria articulado de uma outra maneira ou, simplesmente, não teria articulado. // O que está em jogo? Os diferentes modos de conceber e construir o autor.” in «Pessoa Existe».«O estudo que se segue procura ser a resposta a esta pergunta [nova visão histórica sobre a transição da 'Idade Média' para o Renascimento] no concernente ao sector político. Entendeu-se que o único caminho viável […] seria, em princípio, descobrir a solução atribuída pelas ideias com peso social ao que hoje chamamos questões fundamentais na teoria geral do Estado: origem, forma, transmissão, natureza e fim do poder, investidura neste, suas relações com a ética, e a ordem jurídica - inclusive o direito de resistência e a problemática da soberania.» - in Introdução, Martim de Albuquerque."Em paralelo com a edição das Obras Completas de Jorge de Sena, surge agora uma colecção dedicada à sua vasta e diversa Correspondência, cuja publicação é fulcral para o entendimento da sua obra, e da obra dos seus correspondentes, bem como para o conhecimento da vida cultural portuguesa da segunda metade do século XX. E não podia ser inaugurada da melhor forma, com a inteligência e o afecto de dois poetas: António Ramos Rosa e Jorge de Sena." - in Nota Editorial (Jorge Fazenda Lourenço)
Este livro não é uma biografia – é uma reflexão brilhante sobre George Orwell, o homem e a sua circunstância, autor de «Mil novecentos e Oitenta e Quatro» e «A Quinta dos Animais». Escritor genial ou sofrível? Actual ou datado? Certo ou errado? Hitchens responde-nos da maneira que só outro escritor maiúsculo consegue fazer.
domingo, 30 de setembro de 2012
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