Presente na fase derradeira do Concílio de Trento, como teólogo do rei D. Sebastião, a participação de Diogo de Paiva de Andrade foi determinante, não só pelas opiniões que verbalmente emitiu em várias sessões, mas também pela redacção e publicação (em Veneza, em 1564) de Orthodoxarum explicationum libri decem, obra que poderemos qualificar como o primeiro breviário ou manual da doutrina contra-reformista.
Manejando a língua do Lácio com inegável elegância e eficácia persuasivas, Diogo de Paiva de Andrade deixou-nos também, em vernáculo, um legado literário que nos autoriza a qualificá-lo como o paradigma da parenética portuguesa do século XVI e um clássico da nossa língua, hoje total e injustamente esquecido.
Com a organização desta ampla Antologia pretendeu-se contribuir para colocar no lugar cimeiro que lhe cabe no quadro da Cultura Portuguesa uma figura cuja fama foi bem notória entre os teólogos e oradores sagrados seus contemporâneos e que prestigiou o nome de Portugal na Europa culta dos séculos XVI e XVII — bastará lembrar que Leibniz não poupou elogios ao seu vasto saber e à sua argúcia intelectual.Durante mais de uma dezena de anos, as terças-feiras foram aguardadas com ansiedade por muitos jovens criadores portugueses. Escritores, fotógrafos, ilustradores e cartoonistas em início de jornada contavam as horas para verificar se os trabalhos enviados para o DN Jovem haviam sido seleccionados.
Mas subitamente tudo se alterou. O suplemento juvenil do Diário de Notícias migrou para uma Internet então inacessível à maioria dos portugueses. O anúncio da mudança, feito no próprio DN Jovem a poucos dias do seu 13º aniversário, foi acolhido com indignação.
Levantaram-se vozes de protesto, circulou um manifesto e aqueceram os ânimos no interior do jornal, mas nada travou a medida, que fracturou a existência do suplemento e marcou o acentuar de um desinvestimento que culminaria na sua extinção.
Esta é a primeira “biografia” daquele que foi, seguramente, o mais memorável suplemento de colaboração juvenil na imprensa do Portugal democrático.Tens-me na tua mão, totalmente desprotegido, à mercê dos teus olhos que me vão consumindo as letras. À medida que me vais lendo, vou ocupando sem pedir um lugar no teu peito, para lá das portas do teu coração. Bem sei que não passo de um livro, mas tenho escondido entre a minha capa um grande segredo. Tenho fragmentos da tua vida que, quando colados aos meus, dão uma história que já foi vivida em uníssono.De Eça a Saramago, de Camilo a Cardoso Pires, da literatura brasileira às literaturas africanas de expressão portuguesa, da crítica à teoria, da periodização aos estudos bíblicos, quarenta e cinco ensaios em homenagem a um dos nomes mais marcantes da universidade portuguesa das últimas décadas.“Sónia Cravo surge agora com uma narrativa surpreendente a todos os títulos: original quer a nível do tema central e dos motivos que lhe dão consistência e complexidade, quer a nível da sua riqueza vocabular, tão inusual que deixa quem lê suspenso entre o arcaísmo e o neologismo, entre o achado escritural e o acaso tipográfico (tão joyceano), fazendo a frase explodir perante os nossos olhos suspensos. E isto acontece quase continuamente, num ritmo que não deixa sossegar o mais prevenido dos leitores. (…) Mateus, o narrador de toda esta estória de que é personagem nuclear, começa por nos surgir como alguém que não vê senão sexo em cada mulher que o rodeia, e disso faz obsessão central do seu dia-a-dia; mas que, por um acaso que a seu tempo o leitor descobrirá, vê-se obrigado, entre dois assassinatos que balizam os acontecimentos, a enveredar por caminhos e a viver situações de todo inusitadas, num terror constante em que «o silêncio multiplica ideias» que o vão dilacerando. (…) Eis um texto que, a todos os níveis, surpreenderá o leitor. E como uma boa estória (um bom romance aberto) é aquela que, no fim, nos confronta com múltiplos possíveis horizontes, assim acontece aqui: «E no silêncio ouço-me, há uma voz que sussurra: espera, espera só mais um pouco.» Espera: paciência e esperança. Que futuro estará reservado a Mateus?” | José Ferraz Diogo | Excerto das Palavras de abertura
Manejando a língua do Lácio com inegável elegância e eficácia persuasivas, Diogo de Paiva de Andrade deixou-nos também, em vernáculo, um legado literário que nos autoriza a qualificá-lo como o paradigma da parenética portuguesa do século XVI e um clássico da nossa língua, hoje total e injustamente esquecido.
Com a organização desta ampla Antologia pretendeu-se contribuir para colocar no lugar cimeiro que lhe cabe no quadro da Cultura Portuguesa uma figura cuja fama foi bem notória entre os teólogos e oradores sagrados seus contemporâneos e que prestigiou o nome de Portugal na Europa culta dos séculos XVI e XVII — bastará lembrar que Leibniz não poupou elogios ao seu vasto saber e à sua argúcia intelectual.Durante mais de uma dezena de anos, as terças-feiras foram aguardadas com ansiedade por muitos jovens criadores portugueses. Escritores, fotógrafos, ilustradores e cartoonistas em início de jornada contavam as horas para verificar se os trabalhos enviados para o DN Jovem haviam sido seleccionados.
Mas subitamente tudo se alterou. O suplemento juvenil do Diário de Notícias migrou para uma Internet então inacessível à maioria dos portugueses. O anúncio da mudança, feito no próprio DN Jovem a poucos dias do seu 13º aniversário, foi acolhido com indignação.
Levantaram-se vozes de protesto, circulou um manifesto e aqueceram os ânimos no interior do jornal, mas nada travou a medida, que fracturou a existência do suplemento e marcou o acentuar de um desinvestimento que culminaria na sua extinção.
Esta é a primeira “biografia” daquele que foi, seguramente, o mais memorável suplemento de colaboração juvenil na imprensa do Portugal democrático.Tens-me na tua mão, totalmente desprotegido, à mercê dos teus olhos que me vão consumindo as letras. À medida que me vais lendo, vou ocupando sem pedir um lugar no teu peito, para lá das portas do teu coração. Bem sei que não passo de um livro, mas tenho escondido entre a minha capa um grande segredo. Tenho fragmentos da tua vida que, quando colados aos meus, dão uma história que já foi vivida em uníssono.De Eça a Saramago, de Camilo a Cardoso Pires, da literatura brasileira às literaturas africanas de expressão portuguesa, da crítica à teoria, da periodização aos estudos bíblicos, quarenta e cinco ensaios em homenagem a um dos nomes mais marcantes da universidade portuguesa das últimas décadas.“Sónia Cravo surge agora com uma narrativa surpreendente a todos os títulos: original quer a nível do tema central e dos motivos que lhe dão consistência e complexidade, quer a nível da sua riqueza vocabular, tão inusual que deixa quem lê suspenso entre o arcaísmo e o neologismo, entre o achado escritural e o acaso tipográfico (tão joyceano), fazendo a frase explodir perante os nossos olhos suspensos. E isto acontece quase continuamente, num ritmo que não deixa sossegar o mais prevenido dos leitores. (…) Mateus, o narrador de toda esta estória de que é personagem nuclear, começa por nos surgir como alguém que não vê senão sexo em cada mulher que o rodeia, e disso faz obsessão central do seu dia-a-dia; mas que, por um acaso que a seu tempo o leitor descobrirá, vê-se obrigado, entre dois assassinatos que balizam os acontecimentos, a enveredar por caminhos e a viver situações de todo inusitadas, num terror constante em que «o silêncio multiplica ideias» que o vão dilacerando. (…) Eis um texto que, a todos os níveis, surpreenderá o leitor. E como uma boa estória (um bom romance aberto) é aquela que, no fim, nos confronta com múltiplos possíveis horizontes, assim acontece aqui: «E no silêncio ouço-me, há uma voz que sussurra: espera, espera só mais um pouco.» Espera: paciência e esperança. Que futuro estará reservado a Mateus?” | José Ferraz Diogo | Excerto das Palavras de abertura
Sem comentários:
Enviar um comentário