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Portugal. Um novo regime político debate-se com uma velha nação. Uma nação cheia de vícios de funcionamento. Os cidadãos desta Pátria ressentida digladiam-se com frases feitas (anexins-ladros) vendidas a bom preço. Os ideais parecem ter-se esboroado com a passagem dos anos de juventude. Instalados na vida, os que antes falavam de mudança adaptaram-se à existência do disfarce: novas palavras para velhos negócios, velhos pensamentos e velhas cobardias. Aspirados pelo seu umbigo, a fatalidade do quotidiano fossiliza-os numa estufa onde só as obsessões pessoais são oxigénio essencial — comida e sexo, sexo e comida. E muita raiva pelo passado que não se torna a repetir, e pelo futuro que lhes parece cada vez mais finito.Foi longa e tortuosa a evolução. Difícil. Mas as características que, actualmente, estão fixadas nas raças nacionais de cães de gado constituem um património genético invejável. Que não se pode perder. Contribuir para a preservação dos cães de gado e para divulgar a exigente tarefa que constitui o árduo quotidiano destes cães é o desafio deste livro. Esta obra vive da imagem e dos testemunhos de pastores e investigadores – plena de cor, acção e dramatismo. Para o leitor constituirá o regresso a um universo que julga perdido: o mundo rural, com os cães em acção guardando rebanhos e manadas, defendendo-os dos lobos e realizando combates de vida ou morte. Os cenários são naturais: as grandes serranias a norte do Douro, os cumes de Castro Laboreiro, os alcantis da Peneda, as encostas do Alvão. Aí, nesses ambientes selvagens, veremos como se entrecruzam destinos: ovelhas e vacas das ameaçadas raças autóctones, velhos pastores armados com cães e cajados. E como sobrevivem os velhos costumes e saberes – ante o desaparecimento de tradições como a transumância.
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