Joana Bouza Serrano é licenciada em História pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, tendo frequentado o Mestrado em Arte, Património e Restauro na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Actualmente lecciona a disciplina de História no Colégio do Sagrado Coração de Maria, em Lisboa.Joana Bouza Serrano teve a gentileza de responder a algumas questões do Páginas Desfolhadas sobre "As Avis" e um pouco mais!
Páginas Desfolhadas: De onde surgiu a ideia de chamar a atenção para a vida e importância destas Rainhas?
Joana Bouza Serrano: A ideia surgiu a partir de leituras que andava a fazer sobre o rei D. Manuel e os reis de Espanha -Carlos V, Filipe II, Isabel a Católica, Joana, a Louca... Deparei-me com personagens femininas que se moviam na sombra, mas sem as quais a História desta época não se teria feito...
Noutros países da Europa as biografias e estudos sobre estas personagens estão mais divulgados, e reparei que havia essa lacuna no nosso país para as rainhas, e nomeadamente para a 2ª dinastia.
PD: O que a fascinou mais nesta viagem pelos séculos XIV-XVI? As pessoas, os hábitos, as políticas...
JBS: Tudo... É um período marcante da história de Portugal e da Europa, a transição das vivências medievais para o cenário do Renascimento.
PD: Tem algum carinho especial por uma das rainhas da dinastia de Avis?
PD: Nota-se no livro uma pesquisa bastante exaustiva. Durante quanto tempo trabalhou neste título?
JBS: Entre os compromissos profissionais e a vida familiar, trabalhei ao longo de três anos.
PD: Sendo "As Avis", quanto a nós, um livro extremamente didáctico, recomendá-lo-ia aos seus alunos?
JBS: Não necessariamente... Este ano estou a leccionar o 9º ano, e trabalhamos temas de História Contemporânea. Por outro lado, os programas de História privilegiam o contexto social, político, económico e cultural, remetendo as personagens para segundo plano.
No entanto, para os jovens torna-se mais aliciante trabalhar a partir de acontecimentos e biografias, pelo que poderia recomendar a leitura, nomeadamente aos alunos do 8º, 10º e 11º ano.
PD: Numa época em que a pesquisa é feita quase exclusivamente recorrendo à Internet, como é fazer uma pesquisa "clássica"? É que estamos realmente esquecidos de como se faz :).
JBS: Trabalhei muito na Biblioteca Nacional e na Gulbenkian, onde consultei algumas fontes impressas ou microfilmadas. Na internet já é possível, através dos sites das bibliotecas nacionais de vários países, fazer o download de crónicas impressas, bem como consultar teses ou artigos científicos. Recorri também a estudos publicados recentemente, que optei por muitas vezes por adquirir on-line, em Portugal ou no estrangeiro, por uma questão de comodidade.
PD: Que leituras recomenda para quem quiser explorar mais a fundo este tema?
JBS: Os estudos publicados pelo Círculo de Leitores sobre os reis de Portugal; a biografia de Catarina de Áustria da autoria da prof.ª Ana Isabel Buescu; a História das Mulheres; a História da Vida Privada; Infantas de Portugal, Rainhas em Espanha, de Marsilio Cassotti; A cama, o poder e a morte: rainhas e princesas da Europa do Renascimento ao Iluminismo, de Bartolomé Bennassar.
PD: Considera que as personagens femininas se encontram na sombra no ensino da nossa História?
JBS: Conforme já mencionei, as personagens históricas encontram-se na sombra, de uma forma geral... E também as mulheres, naturalmente.
PD: Da sala de aulas às livrarias. Como se deu esse salto?
JBS: A Esfera dos Livros promoveu uma reunião no colégio onde trabalho, com o intuito de divulgar a editora e as colecções que pretendia desenvolver. Aliei o meu interesse pelo tema ao gosto pela investigação e pela escrita e apresentei o projecto à Esfera.
PD: Podemos contar com novos títulos seus desvendando os segredos de outras mulheres na História de Portugal?
JBS: Homens, mulheres, episódios e cenários!
O nosso muito obrigado à autora por toda a disponibilidade e simpatia!
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