terça-feira, 20 de agosto de 2013

O Homem Duplicado

Título: O Homem Duplicado
Autor: José Saramago
Editora: Caminho

Sinopse:
Tertuliano Máximo Afonso, professor de História no ensino secundário, «vive só e aborrece-se», «esteve casado e não se lembra do que o levou ao matrimónio, divorciou-se e agora não quer nem lembrar-se dos motivos por que se separou», à cadeira de História «vê-a ele desde há muito tempo como uma fadiga sem sentido e um começo sem fim».
Uma noite, em casa, ao rever um filme na televisão, «levantou-se da cadeira, ajoelhou-se diante do televisor, a cara tão perto do ecrã quanto lhe permitia a visão, Sou eu, disse, e outra vez sentiu que se lhe eriçavam os pelos do corpo»...
Depois desta inesperada descoberta, de um homem exactamente igual a si, Tertuliano Máximo Afonso, o que vive só e se aborrece, parte à descoberta desse outro homem. A empolgante história dessa busca, as surpreendentes circunstâncias do encontro, o seu dramático desfecho, constituem o corpo deste novo romance de José Saramago.
O Homem Duplicado é sem dúvida um dos romances mais originais e mais fortes do autor de Memorial do Convento

Opinião:
A ideia é simples, ou talvez não: um professor de História descobre que existe um duplicado de si mesmo, um actor de cinema e inicia uma viagem mental de descoberta pessoal antes de se decidir a ir ao encontro do seu duplo. Ou será que ele é que é o duplicado? Aí é que está a questão, qual será o duplicado, qual deles não é verdadeiramente um ser humano "original"?
Como em todos os livros de Saramago, há várias passagens que valem por si mesmas. A que mais me marcou surgiu quando Tertuliano se mascarava para ir procurar o actor e "quanto mais se mascarava, mais se parecia consigo próprio". Acho que nestas breves palavras está o substrato essencial sobre o as questões que o livro levanta, nomeadamente a antiga questão da "máscara" de cada um, a sua personalidade.
Gostava de ter lido "O Homem Duplicado" num curto período de tempo, mas a verdade é que a leitura se foi arrastando por vários dias / semanas e, como a narrativa se desenvolve lentamente, houve períodos de leitura em que sentia que pouco teria avançado.
Isto, até chegar às últimas 50 páginas que devorei num ápice. Toda a sequência final é brilhante, cheia de dramatismo, com um toque de algo que me recordou Twilight Zone, ou Jorge Luís Borges ou mesmo Kafka...

Uma obra bem nas profundezas da pedra (para quem se lembra da metáfora da estátua e da pedra), difícil de chegar ao âmago, mas tornando-se uma experiência intemporal.

2 comentários:

  1. Saramago, Saramago, cada livro parece tão simples e, ao mesmo tempo, encerra algo tão profundo

    ResponderEliminar
  2. Sim, ideias muito simples, exploradas até ao âmago...

    ResponderEliminar