A 15 de setembro a Assírio & Alvim lança a novíssima edição de Boca Bilingue, o terceiro livro de Ruy Belo, que foi publicado pela primeira vez em 1966. O prefácio desta edição é de Gastão Cruz: «Ao invocar, no poema de abertura do seu livro, a poesia como "palavra impossível", Ruy Belo passa-lhe o único atestado que pode certificá-la como poesia, um estremecimento da linguagem, ou, talvez mais precisamente, o estremecimento das mãos do poeta, recebendo, em tempos inaugurais, as folhas dactilografadas do livro, das mãos de quem, antes da publicação, ele quisera que as lesse.»Um ano depois de Na Margem, romance muito bem recebido pela crítica portuguesa e estrangeira, a Assírio & Alvim publica Paris-Austerlitz, o livro que o escritor espanhol deu por terminado em maio de 2015, meses antes da sua morte e depois de vinte anos de escrita, sempre abandonada e retomada. Devemos a esse rigoroso e exigente empenho uma história que indaga as razões do coração, por vezes tão espúrias como irrenunciáveis, sem assumir como certa a natureza consoladora do amor ou a sua força redentora, enfrentando com valentia a possibilidade de que, ainda que isso nos pese, o amor não vença tudo.
O narrador desta história, um jovem pintor de Madrid, comunista de família opulenta e acomodada, rememora, em tom de confissão urgente, os passos que conduziram ao final da sua relação com Michel, um homem maduro, de cinquenta e tal anos, operário especializado, com a solidez de um corpo de agricultor normando; o homem que o acolheu na sua casa, na sua cama, na sua vida, quando o jovem pintor se encontrou sem casa em Paris. Michel, cuja entrega a toda a prova lhe devolveu o orgulho e o livrou do desamparo, agoniza agora no hospital de Saint-Louis, apanhado pela praga, a doença temida e vergonhosa. No princípio foram os dias felizes, os passeios pelas ruas de Paris, os copos enquanto o dinheiro não acabava, o álcool e o desejo, o prazer de se amarem sem outra ambição que a de se saberem amados. Porém, pouco depois, as telas abandonadas no modesto apartamento de Michel assinalam ao jovem que as suas aspirações estão muito distantes desse quarto sem luz. E a partir daí a relação entre os dois começa a deteriorar-se, à medida que se acentuam os efeitos das proveniências distintas, das diferenças de classe, de idade e de formação. Diferenças que Michel combate com convicção, contrapondo-lhes um amor eterno e indestrutível… embora também possessivo e asfixiante.No dia 8 de setembro chegou às livrarias a antologia Passagens: Poesia, Artes Plásticas. Com organização a cargo de Joana Matos Frias, que assina também o prefácio, este foi o livro que serviu de mote à segunda edição do festival de poesia Carmina, promovido pela Fundação Cupertino de Miranda em Vila Nova de Famalicão.
Esta é uma antologia que reúne composições de mais de 60 autores da poesia portuguesa dos séculos XX-XXI explicitamente vinculadas ao domínio das artes plásticas, com destaque para a pintura. Organizada não com base num princípio autoral, mas de acordo com uma lógica espacial que visa proporcionar uma leitura histórica dos poemas visualmente orientada, a coletânea integra um vasto conjunto de textos especificamente dedicados a conhecidos lugares, artistas e/ou obras plásticas da história da arte, e ainda uma série de textos onde a relação da poesia com a pintura se estabelece de uma forma menos referencial e mais problematizante, levando-nos a refletir sobre a natureza das fronteiras entre a expressão plástica e a expressão poética.No dia 8 de setembro chegaram às livrarias as novas edições de Ilhas e Musa · O Búzio de Cós e outros poemas, com prefácios, respetivamente, de Fátima Freitas Morna e Carlos Mendes de Sousa.
Publicado pela primeira vez em 1989, Ilhas «[…] tem o especial interesse de condensar nas suas escassas páginas, em meia centena de textos, algumas das linhas fundamentais do universo de Sophia de Mello Breyner Andresen, permitindo a um leitor que, por hipótese, começasse aqui o seu percurso no interior desse universo, apreender-lhe facilmente as regras e as rotas para a viagem.»
Com Musa · O Búzio de Cós e outros poemas fica completa a publicação de toda a obra poética de Sophia de Mello Breyner Andresen na Assírio & Alvim, iniciada em setembro de 2013. Reúnem--se aqui dois livros: Musa, publicado pela primeira vez em 1994, e O Búzio de Cós e Outros Poemas, de 1997. «[…] A junção dos dois livros na presente edição abre uma perspetiva de leitura da fase final da obra da poeta e ativa, naturalmente, um impulso interpretativo que nos leva a focar a obra na sua globalidade. […] Aqui, com variações, os temas e os motivos de sempre: a exaltação do esplendor do mundo, a praia atlântica, o sul, a Grécia, a denúncia do que é fácil e falso, a escrita do poema, a forte afirmação vital, a fidelidade à palavra, a crença absoluta na poesia…»
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