Embora politicamente significativo, o romance A Brincadeira não pertence contudo ao domínio da literatura engagée. Nele coexistem duas histórias que se referem a versões antagónicas do amor: por um lado, a doçura enigmática de Lúcia; por outro, a dureza de Ludvik, que procura vingar-se no corpo de uma mulher. Estes dois extremos pertencem de facto um ao outro, mas não podem comunicar.
Constituem o melancólico canto a duas vozes da incompreensão existente entre a carne e a alma. Outras vozes se lhes juntam, num tecido narrativo polifónico que revela a mestria de Milan Kundera: cada uma delas transporta uma verdade simultaneamente essencial e alheia à verdade das outras, assumindo-se como um elo de uma cadeia de mal-entendidos. Estes são, aliás, o fulcro da relação que, ao longo dos anos, une os diversos personagens do romance. Mais fortes do que a própria paixão, eles são os verdadeiros agentes do erro universal de que a história se compõe, e fomentam a obra de esquecimento e devastação a que preside o «anjo da pilhagem».Um pequeno livro que reúne um conjunto de belíssimos poemas de amor dos maiores nomes da poesia portuguesa, e que é também um conjunto de Aqui encontramos poemas de autores clássicos como Luís Vaz de Camões, Diogo Bernardes, Soror Violante do Céu, Marquesa de Alorna, Almeida Garrett e Cesário Verde, entre outros, mas também de escritores contemporâneos, entre os quais, Manuel Alegre, Maria Teresa Horta, Nuno Júdice, Eduardo Pitta e Fernando Pinto do Amaral. marcadores de livros.Nesta fantasia verdadeiramente deliciosa, Cosimo, um jovem nobre italiano do século XVIII, revolta-se contra a autoridade paterna, trepando para cima das árvores. Aí vai permanecer durante o resto da sua vida, adaptando-se eficazmente a uma existência arbórea – caça, semeia e colhe, joga vários jogos com amigos que têm os pés assentes na terra, combate incêndios florestais, resolve problemas de engenharia e até consegue manter casos amorosos. Do seu poleiro nas árvores, Cosimo vê passar os tempos de Voltaire e assiste à chegada do novo Humor, fantasia e aventura são elementos fundamentais na estrutura deste belíssimo romance, que ocupa o lugar central não só na trilogia fantástica Os Nossos Antepassados, mas também no conjunto da obra de Italo Calvino. Livro insólito na literatura contemporânea, livro que desafia a imaginação do leitor mais audacioso, O Barão Trepador proporciona um prazer inesquecível a quem o lê. Um livro para ler e reler. Pela vida fora. século.O embaixador norueguês na Tailândia foi encontrado no quarto de um motel de beira de estrada com um punhal cravado nas costas. As suas estreitas ligações ao primeiro-ministro norueguês fazem com que o Ministério dos Negócios Estrangeiros em Oslo trace de imediato um plano para evitar um escândalo. Harry Hole, afogado em álcool e vitamina B12, é metido num avião rumo a Banguecoque com instruções claras: ajudar a abafar o caso o mais discretamente possível. Todavia, uma vez na Tailândia, depressa descobre que as circunstâncias vão muito para lá de um simples assassínio. É mais do que isso, algo perverso que se esconde na sombra. Ou, como Harry Hole depressa descobre, por cada barata que vê no quarto de hotel, há centenas que se escondem em cada canto. Com o zumbido de constante e intenso tráfego rodoviário nos ouvidos, Harry mergulha no submundo de Banguecoque, apinhado de clubes nocturnos, templos, antros de ópio e anúncios turísticos, numa investigação que ninguém lhe pediu nem deseja. Nem ele próprio. E, mais uma vez, é vítima dos seus próprios instintos.Santiago Boccanegra, neto de marinheiros, sobreviveu à poliomielite lendo Moby Dick e vingou-se dos duros que o perseguiam na escola fazendo-se boxeur. Trabalha agora como segurança de um hotel de Lisboa, onde Laura Rutledge, única sobrevivente de um desastre aéreo, se perde como prostituta de luxo. Depois da tragédia que lhe é infligida nas Montanhas Malditas, o misterioso albanês Aamon Daro cultiva papoilas na Birmânia e, com o lucro do ópio, colecciona obras de arte, que gosta de encenar ao vivo. Jin, uma tímida adolescente norte-coreana, apaixona-se graças a uma canção dos Beatles e é obrigada a fugir para o Ocidente. Num caderno enterrado com a musa do poeta Dante Gabriel Rossetti aparece um soneto posterior ao óbito – e talvez seja de Pessoa. Saint-Exupéry, desaparecido no deserto líbio após a queda do seu avião, encontra, além da raposa que o ignora, uma criança de uma tribo que se julgava extinta. Estas e muitas outras personagens reais e ficcionais vão formar uma enigmática teia em que os fios soltos acabam por unir-se num final surpreendente.O mundo do jovem Samuel Asch está a entrar em colapso: a namorada abandona-o, os pais declaram falência e ele vê-se obrigado a procurar trabalho, abandonando os estudos na universidade e interrompendo a sua tese de doutoramento – um tratado sobre a figura de Jesus aos olhos dos judeus. Nesse momento de desespero, Samuel encontra refúgio e emprego numa antiga casa de pedra situada num extremo de Jerusalém. Durante algumas horas diárias, a sua função é servir de interlocutor a Gershom Wald, um septuagenário com uma vasta cultura. Mas aí mora também Atalia Abravanel, uma mulher enigmática e sensual. Na aparente rotina da sua nova morada, o tímido Samuel sente uma progressiva agitação causada pelo desejo que Atalia desperta nele, mas também pelos mistérios que o rodeiam: Quem é realmente Atalia? O que a liga a Gershom? Quem é o dono da casa onde vivem? Que histórias escondem aquelas paredes?Sujeito a tortura, o preso político confessa segredos reais e imaginários, sofrendo com o estigma da traição durante o resto dos seus dias. O velho sacerdote cai na loucura, sob o peso dos inúmeros pecados que lhe foram confessados ao longo de uma vida de pároco. A professora, que regressa do estrangeiro ao fim de anos de ausência, não reconhece o seu país e rende-se a um segundo exílio, mais cruel. O viúvo solitário, que dá de comer a uma criança andrajosa, é proclamado profeta e redentor dos desvalidos, mas acorda desse sonho de salvação para a evidência do real, onde não existe esperança nem compaixão. Eis uma constelação de dezoito histórias acutilantes e nervosas que rasgam a noite, a bordo de navios, sob a luz branca dos sonhos, dos desejos, dos poucos mitos felizes do nosso tempo. O mais é linguagem e criação narrativa, com a mestria a que o autor nos habituou.O País do Carnaval é o primeiro romance de Jorge Amado, escrito quando tinha apenas dezoito anos. Publicado em 1931, numa época em que o Brasil vive tempos conturbados, faz um retrato crítico da imagem festiva e contraditória do país, a partir do olhar do personagem Paulo Rigger, um brasileiro atormentado pela inquietação existencial que, após sete anos em Paris, regressa a um país com o qual não se identifica. Bem recebido pela crítica e pelo público, o livro aborda as questões de uma juventude plena de inquietude, numa ansiosa e mesmo angustiada busca de verdades e do sentido Considerado subversivo, O País do Carnaval estava entre os livros de Jorge Amado que foram queimados em praça pública em Salvador, por determinação da polícia do Estado Novo, em 1937. da vida.
Inverno de 1864. Sentindo a morte a aproximar-se, iguel Augusto regressa do Brasil, onde enriqueceu, e instala-se no velho burgo nortenho, no palacete conhecido como Casa das Camélias, com a intenção de perfilhar Teresa Baldaia e torná-la sua herdeira. No mesmo ano, Nicolau Sommersen pensa em fazer um bom casamento, não só para recuperar o património familiar que foi esfarelando, mas sobretudo para fugir à paixão que sente por Maria Adelaide Clarange, senhora casada e mãe de três filhos. Maria Ema Antunes, prima de Nicolau e governanta da Casa das Camélias, hábil e amargurada com a vida, urdirá entre todos uma teia Subvertendo as estratégias da narrativa histórica, com saltos cronológicos que deixam o leitor em suspenso mesmo até ao final, Rio do Esquecimento descreve com saboroso detalhe a sociedade portuense de Oitocentos e assinala o regresso à ficção portuguesa de uma escrita elegante que consegue tornar transparente a sua insuspeitada de crimes, segredos e vinganças.espessura.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016
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