Lisboa, 1938. Numa Europa varrida pelo fantasma dos totalitarismos, Pereira, um jornalista dedicado toda a vida aos casos do dia, recebe o encargo de dirigir a página cultural de um jornal medíocre, o Lisboa. Pereira tem um sentido um tanto fúnebre da cultura e prefere traduzir os romancistas franceses do século XIX, dedicar-se à elegia dos escritores desaparecidos, preparar necrológios antecipados. Necessitado de um colaborador, contacta o jovem Monteiro Rossi que, apesar de ter escrito uma tese sobre a morte, está inequivocamente comprometido com a vida.
A intensa relação que se estabelece entre o velho jornalista, o impulsivo e idealista Monteiro Rossi e a namorada deste, Marta, irá resultar numa crise pessoal, numa maturação interior e numa dolorosa tomada de consciência que transformará profundamente a vida de Pereira.
Um romance magistral que conquistou a unanimidade da crítica, os mais importantes prémios e a resposta entusiástica dos leitores.
No escritório da casa demolida, o velho, munido de uma pena, recorda agora o menino que foi, a nebulosa infância cheia de interditos, porque os perigos rondavam e, se não eram os gelados ou o soalho acabado de encerar, podiam ser as visitas do tio-anjo, morto aos três anos, ou até a intimidade com as criadas, acusadas de trazerem para dentro de casa o papão da tuberculose e «os bichos ferozes e as caverninhas» do pecado, castigado, evidentemente, com o fogo eterno. As restrições não impediram, mesmo assim, o menino de se fazer rapaz numa galáxia de experiências que incluíram desde logo a leitura, mas também o amor, as viagens e, por fim, a guerra na Guiné, donde regressaria já homem para viver o cinzentismo das diuturnidades e das ajudas de custo, a par de uma carreira literária que o consagraria e atrairia ao seu convívio tantos admiradores verdadeiros e falsos. Agora, no regresso à casa demolida, sobrevêm o tédio e a solidão entre as rotinas e os rascunhos, a sesta e o funcionamento dos intestinos, Bach e o telejornal.
Astronomia é um romance lúcido, profundo e implacável sobre a vida de um escritor português.
O narrador deste romance é um condenado à morte a quem é concedido um último desejo; e o que escolhe é contar uma história, mais precisamente a da vida do Língua, um escravo que falou aos sete meses de idade e teve direito a biografia encomendada pelo rei de Portugal. Dá-se então um verdadeiro milagre: não só a história parece não ter fim, porque a vida do Língua está recheada de episódios em que os detalhes são de extrema importância, como começa a juntar-se cada vez mais gente para a ouvir – são às centenas os que todos os dias chegam à falésia de armas e bagagens, filhos, mulas, araras e macaquinhos, dispostos a fazer do lugar a sua casa só para não perderem pitada do relato. E, enquanto o narrador vai ganhando anos no cadafalso parindo magia, é toda uma comunidade que se vai criando em torno da maravilha de contar histórias, passando a língua a ordenar o tempo em vez do relógio.Em 1870, Will Andrews chega a Butcher’s Crossing. É jovem, fartou-se de Harvard, quer descobrir na natureza o seu “eu inalterado”. E naquele vilarejo, num Oeste prestes a ser domado, encontra o seu mentor: Miller, um caçador de poucas falas, que conhece o refúgio da última grande manada de búfalos. Seduzido pela promessa de aventura, o protagonista junta-se à expedição. Serão quatro homens em marcha, por terra bravia, numa luta épica contra o tempo, a sede e os elementos. Até que chegam ao vale, um paraíso perdido povoado por milhares de búfalos. O que se segue é uma carnificina, o batismo de sangue de Will, a sua viagem iniciática ao coração das trevas. Butcher’s Crossing, publicado em 1960, é considerada a primeira das três grandes obras de John Williams.Mario Jiménez, jovem pescador, decide abandonar o seu ofício para se converter em carteiro da Ilha Negra, onde a única pessoa que recebe e envia correspondência é o poeta Pablo Neruda. Mario admira Neruda e espera pacientemente que algum dia o poeta lhe dedique um livro ou que aconteça mais do que uma brevíssima troca de palavras, ou o gesto ritual da gorjeta. O seu desejo ver-se-á finalmente realizado, e entre os dois vai estabelecer-se uma relação muito peculiar. No entanto, a conturbada atmosfera que se vive no Chile daquela época precipitará um dramático desenlace…
Através de uma história tão original quanto sedutora, Antonio Skármeta consegue traçar um intenso retrato da convulsa década de 1970 no país andino, assim como uma recriação poética da vida de Pablo Neruda.
A Convergência dos Ventos confirma Nuno Júdice como uma das vozes mais valorizadas e singulares da literatura contemporânea, pela sua permanente luta contra o indizível da palavra e da poesia.Neste livro reúne-se uma selecção de crónicas de Pepetela, publicadas entre Março de 2007 e Agosto de 2015, na revista África 21, que mantêm uma impressionante actualidade.
Para os leitores que apenas conhecem Pepetela pela sua ficção, a leitura das suas crónicas é provavelmente a melhor forma de conhecer o pensamento do escritor.
Com um olhar irónico e muito atento sobre o mundo que o rodeia, com particular enfoque na vida de Luanda, mas não só, estes textos revelam uma opinião crítica e arguta sobre temas que vão da sociedade à política, à economia e à cultura, com muitos apontamentos sobre aspectos da vida quotidiana. Com uma boa dose de sarcasmo, como convém.
Da Natureza dos Deuses, o novo livro de António Lobo Antunes, chega às livrarias no próximo dia 20 de Outubro.Inspirado nas tradicionais «lendas maravilhosas» do Oriente, Dois Anos, Oito Meses e Vinte e Oito Noites é uma fascinante obra de ficção que combina História, mitologia e uma narrativa de amor intemporal. Um romance luxuriante, com múltiplos estratos, no qual o nosso mundo foi mergulhado numa era de irracionalidade. No futuro próximo, depois de Nova Iorque ser assolada por uma tempestade, principiam os estranhos acontecimentos: um jardineiro descobre que os seus pés já não tocam no chão; um autor de banda desenhada acorda no seu quarto e vê uma misteriosa entidade que se assemelha à personagem dos seus livros; uma bebé identifica a corrupção apenas com a sua presença, marcando os culpados com manchas e pústulas; uma sedutora mulher é recrutada para combater forças que ultrapassam a imaginação…
Uma obra satírica e humorística, repleta de astúcia e loucura, rivalidades e traições, arrebatamento e redenção, que é também um testemunho duradouro do poder das histórias.
A infância tem sido, para inúmeros escritores, uma espécie de arca doirada da qual retiram muita da inspiração que alimenta as suas obras. A Instrumentalina, agora em nova edição, é um desses casos de maravilhada referência às emoções dos anos de juventude. Trata-se de uma narrativa particularmente depurada, escrita de um único fôlego, e onde, de forma comovedora, se patenteiam a ternura e a inocência de uma primeira paixão. Foi esse carácter muito especial, que tão claramente distingue a presente narrativa da restante obra ficcional de Lídia Jorge, que tornou imperativa a sua edição enquanto peça autónoma, originou a tradução para línguas como inglês, francês, italiano, húngaro, búlgaro e alemão, e levou a que, na Alemanha, fosse considerada uma obra-prima do conto. Uma obra dotada de um fascínio que o leitor não esquecerá.
quinta-feira, 15 de outubro de 2015
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