POEMA QUE FOI CURTO
Num poema curto a corrente do sangue corria
como um planeta levando no dorsal
a filosofia pública da hora,
e a luz nua e directa incidia sobre o corpo,
real, absoluta.
Hoje o poema teima sempre em ser maior,
e a história, o tempo, a memória e o verso porque é velho,
ocultam-lhe a idade nas curvas irreconhecíveis
dum vulto.
É sempre cada vez mais longa a maratona,
e as insistentes palavras
parecem desistir enquanto avançam.
Nesta história, o protagonista Federico Mayol, homem de negócios, aficionado de póquer e nacionalista catalão, um dia depois de celebrar as suas bodas de ouro, vê-se obrigado pela sua mulher, de forma surpreendente e absurda, a deixar para sempre o domicílio conjugal. Como sempre em Vila-Matas, pululam aqui os fantasmas da velhice, da solidão e da loucura, cintilando o dilema entre a sobrevivência e o suicídio.
segunda-feira, 20 de julho de 2015
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