Título: As Sirenes de Bagdade
Autor: Yasmina Khadra
Editora: Bizâncio
Sinopse:
Considerado pela revista Lire um dos melhores 20 romances de
2006, esta obra poderosamente escrita expõe as profundezas da alma
humana e o intenso conflito de valores perante situações extremas.
Forçado a deixar a universidade quando os americanos invadem o Iraque,
um jovem de uma aldeia remota regressa a casa e assiste a três
acontecimentos que irão alterar a sua vida para sempre: o acarinhado
tolo da aldeia é morto por soldados americanos; dias depois uma festa de
casamento é alvo de um massacre do exército invasor, mais tarde, os
exércitos à procura de terroristas invadem a sua casa e humilham o pai
idoso perante toda a família. Consumido pelo desejo de vingar tal
humilhação, parte para Bagdade onde integra um grupo de radicais
dispostos a tudo pela causa iraquiana. Após participar em diversos
ataques dirige-se a Beirute onde será treinado para a sua suprema missão
cujo destino é Londres. No momento de embarcar para Inglaterra porém, a
sua determinação vacila perante os seus princípios morais.
Um olhar arrepiante e magistral sobre a violência e os seus efeitos nos
cidadãos comuns As Sirenes de Bagdade abordam um tema que poucos ousam
analisar.
Opinião:
Este é o terceiro livro de Yasmina Khadra que tive o prazer de ler e será, quase indubitavelmente, o melhor dos três (apesar de os outros dois serem excelentes).
O duplo sentido do texto perde-se na tradução para português. Sirène, em francês, pode significar sirene ou sereia, o que, no contexto, representa uma dicotomia interessante. O radicalismo e a mitologia, a miséria e os sonhos, os gritos e o canto.
A sinopse expõe de forma bem clara o enredo do livro, mas é difícil imaginar o quanto pode magoar acompanhar a história deste jovem iraquiano. Conhecendo o seu destino, o impulso inicial é a incompreensão. Que tipo de horrores teria alguém que enfrentar para tomar como objetivo da sua vida um ataque terrorista suicida?
Acompanhar o seu terrível caminho colocará ao leitor incontáveis dúvidas. De quem é a culpa? Quem começou primeiro? Será que alguém irá parar? Acho que Gandhi tinha a resposta: "An eye for an eye only ends up making the whole world blind".
Khadra é dotado de uma capacidade de escrita sublima e acrescenta-lhe a dureza dos factos. Neste livro, enfrentou talvez a pedra mais dura, mas esculpiu-a de forma exímia. Fica a ideia que o autor não quis dar respostas, não quis apontar o dedo. Tentou apenas oferecer-nos a visão do outro lado e deixar-nos chegar às conclusões por nós.
No fundo, deveria ser esta a função de qualquer escritor.
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