Esta obra segue, na primeira pessoa, vários episódios dos pensamentos e ações da personagem principal, enquanto esta vai falhando na concretização dos seus desejos, muitos genuínos, outros emprestados, assim como nas relações humanas – desde a mais pequena vontade do quotidiano aos projetos maiores para a vida, desde recordações vívidas do passado ao momento presente.
O tom autobiográfico e cru, e uma correspondência entre o tempo da ação e o tempo da narração, resultam num striptease da realidade quotidiana de um homem que, como muitos, ainda ontem era um miúdo e se vê agora atirado para a arena de uma cidade chamada Lisboa, num país chamado Portugal.História de um reino de um rei branco no vale do Zambeze no século XIX, Choriro foi publicado originalmente em Moçambique em 2009.
Ungulani Ba Ka Khosa, munido de um saber histórico e etnográfico notável, parte para um relato emotivo e orgulhoso, elegia de um tempo feliz e formador da identidade moçambicana moderna. As suas personagens, o rei Nhabezi, aliás Luís António Gregódio, os seus conselheiros, os seus guerreiros, as suas mulheres, são figuras complexas e sensíveis que nos apaixonam com o seu saber ancestral, no momento em que se entrechocam as fortes culturas nativas com o colonialismo mercantil que já desponta. Lá ao fundo, vemos passar Livingstone.Na madrugada do seu aniversário, a autora Annie Kagan recebe uma inesperada visita de Billy Fingers, o seu irmão rebelde e falecido semanas antes.
Pairo sem esforço através do espaço, acompanhado destas belas estrelas, luas e galáxias que cintilam à minha volta, são algumas das primeiras palavras que Billy transmite a Annie, numa conversa que a transportará numa viagem sem precedentes aos mistérios e às maravilhas da vida após a morte.
A descrição profunda e detalhada dos reinos místicos que Billy atravessa nesta viagem evolutiva pelo outro lado é agora partilhada com todo o leitor que se interroga sobre o que acontece depois de morrermos.
Um convite sublime a percebermos a morte mas também a vida.Volvidas mais de duas décadas sobre a desagregação da URSS, que permitiu aos russos descobrir o mundo e ao mundo descobrir os russos, e após um breve período de enamoramento, o final feliz tão aguardado pela história mundial tem vindo a ser sucessivamente adiado. O mundo parece voltar ao tempo da Guerra Fria.
Enquanto no Ocidente ainda se recorda a era Gorbatchov com alguma simpatia, na Rússia há quem procure esquecer esse período e o designe a Catástrofe Russa. E, desde então, emergiu uma nova geração de russos, que anseia pela grandiosidade de outros tempos, ao mesmo tempo que exalta Estaline como um grande homem. Com uma acuidade e uma atenção únicas, Svetlana Aleksievitch reinventa neste magnífico requiem uma forma polifónica singular, dando voz a centenas de testemunhas, os humilhados e ofendidos, os desiludidos, o homem e a mulher pós-soviéticos, para assim manter viva a memória da tragédia da URSS e narrar a pequena história que está por trás de uma grande utopia.Já pensaram que há datas que todos celebramos e que algumas até dão direito a feriado? É o caso do Natal, da Páscoa, do Dia da Liberdade e de outras mais.
Há datas que não dão direito a feriado mas festejamos com alegria, como o Dia da Mãe, o Dia do Pai, do Ambiente e tantas, tantas outras. Há também datas mesmo divertidas como o Carnaval e as que celebram as Mentiras ou as Bruxas. Outras recordam guerras, revoluções, festas religiosas.
Mas estou certa de que nem todos sabem a origem e significado das mais importantes, que aqui procuramos explicar. A juntar a essa explicação, podem ler uma história original alusiva a cada efeméride.
A sua ocupação eram as nuvens. Sobre a imensa extensão da URSS, os aviões tinham necessidade das suas previsões para aterrar, os navios para abrir caminho através dos gelos, os tratores para lavrar as terras negras. Na conquista do espaço que se iniciava, os seus instrumentos sondavam a estratosfera, ele sonhava domesticar a energia dos ventos e do sol, acreditava «construir o socialismo», até ao dia de 1934 em que foi detido como «sabotador». A partir desse momento a sua vida, a de uma vítima por entre os milhões de outras do terror estalinista, foi uma descida aos infernos. Durante os anos no campo de concentração, e até à véspera da sua morte atroz, ele enviava à pequena filha Eleonora desenhos, herbários, adivinhas. É a descoberta dessa correspondência destinada a uma criança, que ele não mais voltaria a ver, que me levou a investigar sobre o destino de Alexei Feodossevitch Vangengheim, o meteorologista. Mas também a convicção de que estas histórias de um outro tempo, de um outro país, não são tão longínquas como poderíamos pensar: o triunfo mundial do capitalismo não se explica sem o fim terrível da esperança revolucionária.
segunda-feira, 27 de abril de 2015
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário