Abrir uma garrafa é descobrir uma história. O vinho é muito mais do que uvas e fermentações, a maior das alquimias é o mundo que o vê nascer. Cada garrafa carrega amores e ódios, podas, guerras e fantasmas, colheitas. As suas enxertias. Para além da química, são as histórias que tornam um vinho único. Estas páginas são parágrafos de muitas castas, diferentes lagares – dias de exílio a seguir à revolução de Abril, tempos de desfiles de moda, medos de fantasmas, dedos perdidos na vindima, amores, sangue-azul, fortunas talhadas a suor. As adegas e as suas gentes. Homens e mulheres dos vinhos, na intimidade da sua história. A jornalista Ana Sofia Fonseca apresenta-nos um livro original sobre o mundo do vinho, em que a crítica a aromas e fermentações fica de fora. Aqui há histórias com gente dentro. As famílias por trás de cada garrafa, o engenho do enólogo, dos produtores, da terra e das suas almas. Cada página é uma viagem ao Portugal vinhateiro, aos retratos das suas gentes. De Norte a Sul, de vinha em vinha, de conto em conto. Curiosidades, laços familiares, momentos decisivos, aventuras e memórias. Histórias reais que, muitas vezes, parecem ficção. Um livro para quem quer descobrir mais sobre o vinho português na sua intimidade.
A jornalista Marisa Moura mergulhou em textos de pensadores portugueses e estrangeiros de hoje e de outros tempos, analisou estatísticas, estudou comportamentos e questionou especialistas para tentar encontrar uma resposta para esta incómoda pergunta. O que é que os portugueses têm na cabeça? Haverá características comuns a todos nós, habitantes deste país com nove séculos de história, recordista no consumo de antidepressivos? Somos marcados pelo fado e pela fatalidade. À pergunta «como tem passado?» segue-se uma sentida lengalenga, como se fôssemos empurrados pela vida. A palavra pontualidade não consta no nosso dicionário, ao ponto de o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, ter-se atrasado 31 horas e 27 minutos na entrega do Orçamento de Estado para 2009. Derretemo-nos por um canudo, doutor ou engenheiro é à escolha do freguês e cai o Carmo e a Trindade quando um ministro ousa pedir que o tratem por «Álvaro, simplesmente Álvaro». Fazemos estádios megalómanos e estradas que não acabam, mas não é de agora. Já D. João V tinha estoirado o ouro do Brasil em obras como o Convento de Mafra, enquanto endividava o país. E como esquecer o improviso, aquela maneira de dar a volta à situação, de contornar o problema, tão comum nos Portugueses? Marisa Moura fala-nos, num tom bem-humorado e acutilante, de todas estas características, reunindo exemplos concretos da nossa história passada e presente, numa tentativa de organizar ideias e ilustrar a nossa (in)consciência coletiva.
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
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