segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Afonso, o Conquistador

Título: Afonso, o Conquistador
Autora: Maria Helena Ventura
Editora: Saída de Emergência

Sinopse:
Tem nas suas mãos um romance épico: a vida de D. Afonso Henriques. Recorrendo a uma meticulosa pesquisa histórica, Maria Ventura transporta-nos para o século XII e envolve-nos com as paisagens, culturas e figuras dessa época distante. No centro da acção está Afonso Henriques, o primeiro homem a sonhar Portugal, e que tornou esse sonho realidade com golpes de espada, traições familiares, intrigas religiosas e muita determinação.
Afonso chegou até nós como um homem sem medo, vencedor de batalhas impossíveis, líder na frente de combate e na frente diplomática. Mas Maria Ventura vai mais longe e apresenta-nos um homem que faria as delícias de Maquiavel: astuto como poucos e sem escrúpulos sempre que necessário. E também um homem apaixonado pela vida, pelos filhos — fossem eles legítimos ou bastardos — e até pela mulher, que finalmente aprendeu a amar.
Amadurecendo de príncipe impulsivo para soberano ponderado, no fim da vida Afonso deixa-nos um território pouco diferente daquele que temos hoje em dia. Sem ele não haveria Portugal nem língua portuguesa, e nunca as caravelas com a cruz de Cristo teriam partido em busca de novas paragens nem Camões cantado os Lusíadas.

Opinião:
Esta é a reedição de um romance de 2007, e surge agora de cara lavada, integrado na coleção "A História de Portugal em Romances". Permitam-me só algumas palavras sobre esta coleção: excelente ideia! Depois de ler "O Tintureiro Francês", só podia esperar pelo mesmo nível de qualidade, e não saio desiludido das páginas de "Afonso , o Conquistador".
Escrever sobre uma época tão longínqua exige uma pesquisa extraordinária. Ainda mais, quando se escreve sobre uma personagem mítica da nossa História e que apenas merece o maior rigor possível. Calculo que Maria Helena Ventura se tenha visto obrigada a vasculhar todos os documentos existentes sobre Afonso Henriques e as pessoas que o foram rodeando. O leitor fica com a sensação que todos os que tocaram a vida do nosso primeiro monarca, e que orientaram as suas decisões, têm o seu lugar nesta grande narrativa. Este é o principal ponto forte do livro, mas também contribui para que a leitura se torne algo críptica por vezes. As personagens são imensas. Existe um glossário no final do livro que nos guia, capítulo a capítulo, por entre os que vão entrando em cena. Mas, à moda de um bom historiador, a autora não usa atalhos (pelo menos, nenhuns que sejam perceptíveis). Daí que o leitor tenha aqui uma excelente oportunidade de aprender, mas também se lhe pede algum esforço e concentração.
Acima de tudo, e apesar de todas as múltiplas e sangrentas batalhas travadas pelos primeiros portugueses, este é um livro sobre a política e as políticas necessárias à fundação de uma nação. A cortina abre-se sobre os jogos de bastidores, os casamentos, a intervenção da Igreja e a gestão das casas nobres de maior tradição.
Sobra espaço para entrarmos na vida de pessoal de Afonso Henriques. Mais que isso, na cabeça e no coração de Afonso. Conhecer-lhe as lealdades, as vezes em que tremeu e aquelas em que terá chorado. 

Um livro à imagem do seu protagonista.

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