terça-feira, 1 de julho de 2014

O Tintureiro Francês

Título: O Tintureiro Francês
Autor: Paulo Larcher
Editora: Saída de Emergência

Sinopse:
Uma história de amor e ambição no Portugal governado pela mão de ferro do Marquês de Pombal
Nos finais do séc. XVIII, o Marquês de Pombal viu-se a braços com um fracasso na sua política de regeneração industrial: a Real Fábrica de Panos, a menina dos seus olhos, apesar de todos os esforços e despesas não consegue produzir tecidos com a qualidade dos importados. Decide então convidar um tintureiro francês para vir a Portugal ensinar essa grande arte que, à época, fazia a riqueza e o prestígio das nações europeias.

O artista eleito foi o polémico Stéphane Larcher, que mal chega começa a revolucionar práticas e comportamentos. Um ano depois, cores nunca vistas vêm à luz e tecidos até então desconhecidos brilham em todo o seu esplendor. Ao partilhar a sua arte secreta com os portugueses, Stéphane sabia estar a arriscar a vida, a reputação e a fortuna. Mas ninguém o avisou que também comprometia fatalmente o próprio coração. 

Opinião:
A Saída de Emergência iniciou um a nova colecção intitulada "A História de Portugal em Romances". "O Tintureiro Francês" é um dos primeiros dois títulos e se os restantes romances mantiverem esta qualidade, será realmente uma colecção para ficar na História.
Na renascida Lisboa Pombalina, surge a necessidade de desenvolver a nobre arte do domínio das cores. Para tal, inicia-se a busca por um famoso tintureiro, de naturalidade francesa, cujos tecidos coloridos se tornaram sinais de riqueza e poder. Enquanto vamos destrinçando os traços da narrativa principal, podemos espreitar a curiosa organização da sociedade do séc. XVIII e o domínio do Marquês de Pombal. 
Todos os pontos parecem ter sido cuidadosamente pesquisados, já que as descrições estão repletas de detalhes, desde os procedimentos necessários para a extração de cada uma das cores e a forma de as aplicar aos tecidos; às tramas sociais necessárias para subir na vida, tão semelhantes com as actuais...
A história-base é enriquecida pela introdução de novas personagens, novas missões e, a determinada altura, um novo narrador. À exímia componente histórica da narrativa são acrescentados vários laivos de ciência, devidamente aplicada à época, incluindo lições de física e medicina, por exemplo
Tudo isto já seria suficiente para este ser um bom romance histórico, mas torna-se excelente pois é escrito com um brio inexcedível, do melhor que tenho lido nos últimos tempos. Num género em que muitas vezes os autores se encostam apenas às suas laboriosas pesquisas, Paulo Larcher demonstra um enorme domínio da língua portuguesa, tanto no vocabulário como no recurso a deliciosas metáforas.

Segunda a pequena biografia que acompanha o livro, este é o primeiro romance do autor. A única pergunta que fica é: Para quando o próximo? 

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