Nova Teoria do Sebastianismo é um ensaio que reflecte sobre o mito sebastianista como alucinação racionalmente falsa mas sentimentalmente verdadeira e nos dá a conhecer os autores que trataram o tema, desde Bandarra e Padre António Vieira até aos filósofos contemporâneos, passando por Fernando Pessoa, António Quadros, António Sérgio e Eduardo Lourenço.
O presente título insere-se numa colecção na qual foram já publicados dois outros títulos de Miguel Real: Nova Teoria do Mal e Nova Teoria da Felicidade enquanto propostas para uma ética do século XXI.
Início da década de 1980. Nas universidades americanas, os jovens com preocupações intelectuais discutem literatura, devoram Derrida e Roland Barthes, e ouvem Talking Heads. Mas Madeleine Hanna, aluna aplicada de Estudos Ingleses e romântica incurável, prepara a sua tese sobre Jane Austen e George Eliot – autoras a quem de deve o enredo conjugal que está no cerne dos melhores romances ingleses. Enquanto Madeleine estuda as motivações intemporais do coração humano, a vida real, sob a forma de dois rapazes muito diferentes – o carismático e intenso Leonard Bankhead e um velho amigo com inclinações místicas, Mitchell Grammaticus –, atravessa-se no seu caminho. Mas quando os três terminam os seus cursos universitários e se vêem confrontados com a vida no mundo real, têm de imaginar um desfecho para o seu próprio enredo conjugal.
Com uma subtileza desconcertante e uma enorme compreensão e afeição pelas suas personagens, Jeffrey Eugenides revivifica as energias motivadoras do Romance, ao mesmo tempo que cria uma história tão contemporânea e surpreendente que parece o diário íntimo das nossas próprias vidas.
Em 2004, Ana Maria Machado, repórter portuguesa em Washington, é convidada a fazer um documentário sobre a Revolução de 1974, considerada pelo embaixador americano à época em Lisboa como um raro momento da História. Aceite o trabalho, regressa a Portugal, contrata dois antigos colegas, e os três jovens entrevistam vários intervenientes e testemunhas do golpe de Estado, revisitando os mitos da Revolução de Abril. Um percurso que permite surpreender o efeito da passagem do tempo não só sobre esses heróis, como também sobre a sociedade portuguesa, na sua grandeza e nas suas misérias.
Transfiguradas, como se fossem figuras sobreviventes de um tempo já inalcançável, as personagens de Os Memoráveis tentam recriar o que foi a ilusão revolucionária, a desilusão de muitos dos participantes e o árduo caminho para uma Democracia.
Como definir uma história como esta? À primeira vista poderia parecer um romance fantástico, mas talvez fuja a todas as definições possíveis. Tabucchi deu-lhe um subtítulo: “um mandala”, mas na realidade, segundo critérios ocidentais, trata-se afinal de uma investigação, uma busca que parece conduzida por um Philip Marlowe metafísico.
Mas nesta investigação espasmódica e peregrina, à metafísica vem juntar-se um conceito muito terreno na vida: sabores, lugares, cidades, imagens que estão ligadas ao nosso imaginário, aos nossos sonhos, mas também à nossa experiência quotidiana.
O leitor português reconhece neste livro uma geografia familiar (Lisboa, Barcelos, Cascais e a Arrábida), mas a acção desloca-se também para o Extremo Oriente (Macau), para a Suíça e para a Itália. E esses mesmos lugares surgem-nos então, através do olhar de Antonio Tabucchi, surpreendentemente transfigurados.
Neste livro estão reunidos os poemas de Manuel Alegre que previram e anunciaram a Revolução de Abril. Poemas que falam de Abril antes de Abril e de Maio antes de Maio.
Em O Canto e as Armas, escrito em 1967, há aqueles quatro versos de «Poemarma» que, decerto, anunciam o primeiro comunicado da Revolução:
Que o poema seja microfone e fale
uma noite destas de repente às três e tal
para que a lua estoire e o sono estale
e a gente acorde finalmente em Portugal.
Trinta e nove degraus separavam a movimentada Tuborgvej de Mindelunden, com os seus túmulos silenciosos e as suas amargas memórias perenes. Lennart Brix, chefe do Departamento de Homicídios da Polícia de Copenhaga, sentiu que tinha passado grande parte da sua vida a percorrê-los. Sob o arco da entrada, protegendo-se da chuva gelada, Brix não pôde deixar de recordar aquela primeira visita, quase há meio século. Um menino de cinco anos a apertar com força a mão do pai, mal conseguindo imaginar o que estava prestes a ver.
O latido de um cão cortou-lhe o devaneio. Brix olhou para os técnicos forenses que envergavam macacões brancos com capuzes. Avançavam apressadamente, com ar sombrio, pelas filas de túmulos em direcção à clareira no pequeno bosque, onde os restantes elementos da equipa estavam reunidos...
Algo na cena do crime transporta Lennart Brix para o país sob ocupação nazi, uma época que os dinamarqueses prefeririam esquecer.
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