No dia 28 de fevereiro, a Assírio & Alvim publica Contos Exemplares, de Sophia de Mello Breyner Andresen, numa edição rigorosa e que mantém a antiga grafia. Esta coletânea de contos foi publicada pela primeira vez em 1962 e o título faz referência explícita a uma citação presente no início do livro, às Novelas Exemplares de Cervantes. Inclui os contos O Jantar do Bispo, A Viagem, Retrato de Mónica, Praia, Homero, O Homem» e Os Três Reis do Oriente.
Como nos diz Federico Bertolazzi no seu prefácio, «"Não aceitar o escândalo", não "ceder ao desastre", é esta a lição de Sophia. A sua clara integridade atravessou as turbulências políticas e sociais com a firmeza de quem procura a verdade e quer desmascarar a mentira. Num tempo em que a palavra tinha sido profanada, Sophia reagiu para lhe restituir a sua sacralidade e o seu condão: revelar ao homem o seu próprio rosto».
Só a voz do mar se ouvia, espantosamente real, recriando-se incessantemente.Sobre Escrita da Terra · Homenagens e Outros Epitáfios, escreve-nos Paula Morão, no seu prefácio a esta edição, que estes «poemas […] formam um todo orgânico, entre si e na obra de Eugénio. Na verdade, cada texto é celebração e monumento, pulsão vital posta diante do leitor».
No início deste livro assistimos ao rocambolesco rapto dos jovens Marta e João Carlos, seguido pelos não menos surpreendentes acontecimentos que revolucionaram a sociedade portuguesa desde o domingo de Páscoa de mil novecentos e setenta e quatro ao mesmo domingo de mil novecentos e setenta e cinco. Ao longo de um ano eufórico para muitos, assustador para alguns, a família de A Paixão e Cortes dispersa-se dentro e fora do país, comunicando entre si, antes da existência de telemóveis e e-mails, sobretudo por carta. O que dá a esta agitada narrativa, ora dramática ora divertida, um tom de paródia a certos romances do século XVIII, epistolares e libertinos.Publicado pela primeira vez em 1973, Véspera da Água é um dos livros de Eugénio de Andrade onde, porventura, está mais presente o ofício da poesia e o exercício extremo da razão e da depuração da escrita. Disse Eugénio de si próprio não ser «[…] um poeta inspirado, o poema é em mim conquistado sílaba a sílaba». Como diz Carlo Vittorio Cattaneo, «esta predisposição a racionalizar o processo criativo encontra um dos seus mais altos momentos em Véspera da Água, uma obra dentre as mais complexas e homogéneas do poeta». O prefácio da presente edição é assinado por Federico Bertolazzi, que nos lança este repto: «O leitor que estiver disposto a abandonar o cais seguro das suas certezas poderá empreender a mais fascinante das navegações, num domínio para ele descortinado […]».
Sem comentários:
Enviar um comentário