sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Está Tudo na Cabeça

Título: Está Tudo na Cabeça
Autor: Alastair Campbell
Editora: Bizâncio

Sinopse:
Emily é a traumatizada vítima de uma queimadura grave, Arta é uma refugiada kosovar que recupera de uma violação, David Temple sofre de depressão há demasiado tempo, e o ministro Ralph Hall vive com pânico de que o seu alcoolismo seja descoberto. Todos estes personagens tão diferentes têm algo em comum: são todos pacientes do professor Martin Sturrock, psiquiatra, com quem cada um deles passa uma hora, todas as semanas. Mal sabem, porém, quão doente está o professor Sturrock. Durante anos e anos o dedicado médico refugiou-se no trabalho para afugentar os seus demónios pessoais. Mas os seus fantasmas perseguem-no, a sua vida desmorona-se e a única ajuda a que pode recorrer é a de um dos seus pacientes.

O notável primeiro romance de Alastair Campbell mergulha fundo nos recantos mais obscuros da mente humana, trazendo-nos um absorvente retrato da interdependência que pode estabelecer-se entre médico e doente. Simultaneamente comédia e tragédia de vidas comuns, esta é uma obra repleta de compaixão por aqueles para quem o dia-a-dia é vivido à beira do abismo. 


Opinião:
A maior parte do livro passa-se na cabeça de Martin Sturrock, um famoso psiquiatra com um leque bem diverso de pacientes, que também nos darão permissão para entrarmos nos mundos que se escondem nas suas cabeças.  Parece hercúlea a tarefa de Sturrock: ajudar a encarar a vida alguém que foi vítima de violação, ou uma paciente desfigurada por uma queimadura grave, ou que um Ministro consiga ultrapassar o seu problema com a bebida, sem que acabe por ser demitido do governo. E enquanto lida com todas estas lutas alheias, por vezes de forma muito inglória, acaba por desleixar a sua própria vida, o seu casamento e a sua saúde mental.
Se tivermos em conta que este é o primeiro romance de Alastair Campbell, é admirável a forma como nos consegue emergir em mentes tão diversas e tão ricas em pormenores. Cada personagem tem o seu quê de empolgante, tornando cada capítulo numa experiência distinta e intensa, já que é impossível não simpatizar e empatizar com o sofrimento de David, Emily, Arta e do próprio professor Sturrock, chegando ao ponto de sentir borboletas na barriga.
Todas as ramificações da história, partem da história de Sturrock. Esta vai-se adensando e escurecendo com o decorrer do livro, e podem contar com um final de ir às lágrimas, mais do que uma vez.

Um livro que talvez tenha passado despercebido, mas que nos atira de forma violenta para as profundezas de múltiplas mentes em sofrimento.

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