terça-feira, 9 de outubro de 2012

Incendiário

Título: Incendiário
Autor: Chris Cleave
Editora: ASA

Sinopse:
Um romance assombroso. O melhor romance que já se escreveu sobre o terrorismo.
Entre as vítimas de um atentado terrorista ocorrido durante um jogo de futebol em Londres, estão o marido e o filho da mulher que, destroçada, escreve agora uma carta a Osama bin Laden. Num tom simultaneamente emotivo, lúcido, magoado e chocantemente humorístico, ela tenta convencer Osama a abandonar a sua campanha de terror, revelando a infinita tristeza e o coração despedaçado de quem, no fundo, é apenas mais uma das suas vítimas. Mas o atentado é apenas o começo. Enquanto medidas de segurança transformam Londres num território virtualmente ocupado, a narradora também se encontra sob cerco. De início, ela recupera forças ajudando no esforço antiterrorista. Mas quando se envolve com um casal de classe alta, dá por si a ser gradualmente arrastada para uma teia psicológica de culpa, ambição e cinismo, que corrói a sua fé na sociedade que defende. E quando uma nova ameaça de bomba atira a cidade para mais uma vaga de pânico, ela vê-se forçada a actos de profundo desespero …Mas reside aí, talvez, a sua única hipótese de sobrevivência.

Opinião:
Assombro.
Poucas certezas se mantêm inabaladas depois de ler este "Incendiário". 
Passaram 11 anos sobre o ataque à torres gémeas e todo o assombro volta quando as páginas deste livro escorrem por entre os nossos dedos. Uma mulher com um deficitário suporte emocional, como tantos de nós somos, vê o seu mundo destruído em segundos. Juntamente com o estádio de futebol, destroem-se os seus alicerces assim como os de toda uma cidade. Fomenta-se a loucura, quanto todos se questionam sobre as coisas mais fundamentais, mais evidentes. E vemos a personagem principal flutuar pelos dias à mingua de alguma coisa que lhe traga algum sentido de volta. 
Não é um livro fácil de ler. Não é um cenário fácil de compreender. Não percebemos opções, razoes nem as emoções... Mas como poderíamos perceber? Como pode qualquer um de nós conceber tamanha monstruosidade? Tamanho terror? Não podemos.
Cleave mostra uma capacidade descritiva incrível. Muito poucos seriam capazes de manter algum fio condutor entre tanta desconstrução, enquanto escrevem como uma mulher quase iliterada que debita o que lhe vem à cabeça sem muito senso.

Para quem se quiser aventuras, façam-no com coragem. Preparem-se para viver uma pequena parte da angústia que Cleave descreve e tenham a certeza de que nunca mais serão os mesmos.
Tenho o filme à espera, mas acho que vou ficar desiludida. Transpor para a tela tudo o que aqui se contar seria um suicídio de vendas.

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