Como posso falar aos meus filhos sobre a morte? O que devo dizer-lhes quando me perguntarem porquê?
As crianças devem assistir a velórios e enterros? Posso chorar de desgosto à frente do meu filho?
Numa linguagem simples e desprovida de termos técnicos, o psicólogo William C. Kroen ajuda-nos a compreender o que percebe e apreende uma criança, desde bebé até aos 18 anos, e o que sente quando se vê confrontada com a morte de uma pessoa muito amada.EXCERTO DO 1º CAPÍTULO
Por volta da meia‑noite, os olhos dela tomaram finalmente forma. A expressão era felina, meio decidida e meio hesitante, problemática. Sim, estavam mesmo bem aqueles olhos. Erguendo‑se para as sobrancelhas finas e elegantes, a poucos centímetros da cascata escura do cabelo. Esticou o papel a todo o comprimento do braço para avaliar o progresso do esboço. Era complicado trabalhar sem a ter à sua frente, mas, por outro lado, nunca conseguiria desenhar na sua presença. Desde que chegara de Londres, não, desde que a vira pela primeira vez, tivera de ter cuidado para a manter sempre à distância.
Aproximava‑se agora dele todos os dias e cada dia era mais difícil do que o anterior. Era por isso que se ia embora na manhã seguinte, para a Índia, para as Américas, não sabia para onde nem se importava. Qualquer sítio seria mais fácil do que estar aqui.
Inclinou‑se de novo sobre o desenho, suspirou e usou o polegar para aperfeiçoar o beicinho traçado a carvão do seu lábio inferior polpudo. Este papel inanimado, cruel impostor, era a única forma de a levar com ele. Então, endireitando‑se na cadeira de couro da biblioteca, sentiu‑a. Aquela pincelada de ardor na parte de trás do pescoço.
Ela.
Na convulsa e fascinante Barcelona do modernismo, a matriarca de uma das sagas mais prestigiosas da cidade prepara a mudança para o seu novo lar, um lindíssimo palacete vizinho do então incipiente Paseo de Gracia.
As paredes dessa casa serão o zeloso guardião de vidas repletas de ambição, segredos inconfessáveis e paixões ocultas.
Essa é a herança que o tempo confiará a Violeta, última da estirpe: o passado, visto do presente é sempre um quebra-cabeças a que faltam peças...
Care Santos traça um grandioso fresco histórico e social que nos convida a reflectir sobre a débil memória que legamos às gerações futuras.
Apaixonante e viciante, A Cor da Memória é uma história de intriga, romance e tragédia com o pano de fundo de um Mundo que desapareceu para nunca mais voltar.
segunda-feira, 12 de março de 2012
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