terça-feira, 13 de março de 2012

As Horas Distantes

Título: As Horas Distantes
Autora: Kate Morton
Editora: Porto Editora

Sinopse:
Tudo começa quando uma carta, perdida há mais de meio século, chega finalmente ao seu destino...

Evacuada de Londres, no início da II Guerra Mundial, a jovem Meredith Burchill é acolhida pela família Blythe no majestoso Castelo de Milderhurst. Aí, descobre o prazer dos livros e da fantasia, mas também os seus perigos.
Cinquenta anos depois, Edie procura decifrar os enigmas que envolvem a juventude da sua mãe e a sua relação com as excêntricas irmãs Blythe, que permaneceram no castelo desde então. Há muito isoladas do mundo, elas sofrem as consequências de terríveis acontecimentos que modificaram os seus destinos para sempre.
No interior do decadente castelo, Edie começa a deslindar o passado de Meredith. Mas há outros segredos escondidos nas paredes do edifício. A verdade do que realmente aconteceu nas horas distantes do Castelo de Milderhurst irá por fim ser revelada...

Opinião:
Ler o nome de Kate Morton associado a  uma nova obra trouxe uma sensação de calor e excitação. Memórias vivas de uma história suave, com laivos de mistério, que se entranhou de tal forma que bastou a capa deste "As Horas Distantes" para me deixar deliciada com a antecipação do prazer que este livro me poderia trazer. Fui afortunada com a possibilidade de o ler pouco depois do seu lançamento e não sinto vergonha ao admitir que forcei a minha "pilha de leitura" a uma espera acrescida, arranjando espaço para Morton no seu topo.
"As Horas Distantes" trás consigo muito do que me apaixonou nesta autora. Uma casa antiga, um mistério enterrado sob gerações de segredos, mulheres que se encontram unidas por finos fios de sangue, acaso e familiaridade... E uma escrita serena, descritiva q.b., transmitindo na dose certa sensações, imagens e emoções, transportando-nos como espectros que vagueiam lado a lado com cada uma das personagens, observando de bem perto tudo o que com elas se passou.
Julguei ter percebido tudo, no que ao mistério de base diz respeito, logo nos primeiros capítulos. Enganei-me, e que doce engano foi! Apesar de alguns elementos serem quase transparentes desde cedo, até à última página somos surpreendidos com o esclarecimento gradual de pequenos pormenores que julgamos dados adquiridos e que se revelam surpresas capazes de dar todo um novo sentido à história. Esta é uma das qualidades mais impressionantes de Morton - a capacidade de, mantendo um ritmo bucólico, surpreender com o destrinçar lento do enredo que criou com um preciosismo impressionante.

Kate Morton apaixona. Não é uma paixão violenta, que me incite a devorar tudo o que dela puder alcançar. Trata-se de uma paixão morna, antecipando a cada leitura horas de um prazer literário que se saboreia como se de um menu de degustação se tratasse. Depois de "O Jardim dos Segredos" e de "As Horas Distantes" resta ler a obra que a levou aos tops internacionais: "O Segredo da Casa de Riverton". Apesar da antecipação ser por si só um pequeno prazer, o facto de saber que, depois de o ler, não restarão novas obras suas leva-me a adiar o seu início, prolongando assim essa sensação de antecipação que tanto me agrada.
Uma leitura fantástica, que responderá de forma deliciosamente completa a quem já conhece esta autora.

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