Josep Pla percorre a Catalunha de autocarro. Parte da sua aldeia natal e vai de aldeia em aldeia, numa geografia rural onde a paisagem se impõe, como motor para reflexões, divagações e devaneios. É uma viagem pessoalíssima, onde uma conversa aparentemente banal se transforma numa reflexão sobre a condição humana. As intuições de Josep Pla são sempre extraordinariamente agudas e é esse um dos encantos deste livro. Surgem invariavelmente a partir de uma curta troca de palavras ou de uma breve peripécia insignificante.
O que faz actualíssima esta Viagem de Autocarro, no entanto, é a escrita de Josep Pla: de uma clareza sem um pingo de superficialidade, sempre temperada pelo sal da ironia, por vezes tocada por uma ligeira amargura que nunca se confunde com rancor.
Josep Pla tinha a obsessão do adjectivo certo, e o rigor com que descreve paisagens e pessoas corresponde à capacidade rural de nomear com exactidão cada árvore, cada planta, cada elemento da natureza.
Saber sempre a palavra exacta que há para cada coisa é um poderoso meio de transporte. É nele que Josep Pla nos conduz ao território a que chamamos literatura.
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
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