Como se envelhece numa sociedade fundada sobre o mito da eterna juventude? E como envelhecem as mulheres na era da cirurgia plástica, dos cremes anti-idade e dos liftings? Pela primeira vez na história das sociedades humanas, a apodada terceira idade tornou-se igualmente numa idade de projectos, de compromissos, de paixões, de arrebatamento, de futuro. E, no entanto, esta nova liberdade gera novas formas de desorientação e de insegurança, novos medos desconhecidos das gerações precedentes. É como se, de repente, às mulheres fosse impedido envelhecer, numa sociedade onde o velho apenas é aceite se sabe vestir a pele do jovem.No jardim Zoológico de Berlim, dentro de um expositor de vidro, estão exibidos todos os objectos encontrados no interior do estômago de Roland, a Morsa (que morreu em 1961). É com este catálogo insólito que Dubravka Ugrešić inicia o seu livro: também ele um mosaico de fragmentos narrativos, recordações e reflexões, descritos pela protagonista, uma quinquagenária croata exilada em Berlim. Fala-se de fotografias antigas, de cartas de tarot, de histórias de família, de amor (com passagem por Lisboa), de guerra e de exílio; pedaços de um puzzle que comporá, numa única imagem final, o retrato da cultura e identidade europeias. O Museu da Rendição Incondicional foi recebido pela crítica internacional como uma obra universal e um dos mais importantes romances contemporâneos europeus das últimas décadas.Um grupo de membros de uma misteriosa Ordem participa numa viagem única, cujo fim não é alcançar um destino geográfico mas uma outra dimensão da realidade. Trata-se, afinal, de uma viagem iniciática e de autoconhecimento, em que os seus participantes vão ser testados, sem o saberem, quanto à sua fidelidade, crença, amor fraterno, e sobretudo quanto à sua fé na Ordem a que pertencem. São adeptos e irmãos nesta Ordem (que, mais do que religiosa se pressente espiritual) muitos personagens do domínio da História, das artes e dos próprios escritos de Hesse, como o pintor Paul Klee, Alberto Magno, o pintor Klingsor, o poeta Lauscher ou o barqueiro Vasudeva, bem como o próprio Hermann Hesse, que é protagonista nesta viagem em concreto. Todos eles participaram outrora nesta singular viagem, pertencente a um incessante movimento que desde sempre percorre os tempos, e em cujas fileiras todos os grandes nomes podem, a certo momento, encontrar-se. No entanto, este é apenas o primeiro de muitos segredos que o leitor destas páginas irá descobrir. Escrito como uma fábula e com um desfecho inesperado e surpreendente, este livro encoraja o leitor a desconfiar da realidade visível, que pode levar a um quotidiano cinzento e a impor uma visão altaneira e preconceituosa sobre o mundo, propondo-lhe, ao invés, e através de um nomadismo radical e interior, uma viagem perpétua em busca da autenticidade, da pureza do espírito e da união com o todo universal. Um livro encantador e pleno de simbolismo, sempre redescoberto por novas gerações de leitores.
domingo, 19 de junho de 2011
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