Haverá no mundo narrativa mais essencial do que a nossa? Como uma longa carta pessoal e transmissível, contar a história da nossa vida é refazê-la, é tomar posse da própria existência.
O mundo está construído sobre narrativas, muitas delas mais antigas do que a escrita, e a autobiografia é a melhor arma possível enquanto processo de auto-conhecimento e de alargamento dos recursos da escrita.
Concebido para quem tem já hábitos criativos, mas também para quem deseja embarcar neste processo de auto-descoberta através da escrita, este livro proporciona momentos de reflexão e exercício, com vista à iniciação neste género com as raízes perdidas no tempo.Perguntei a uma criança de cinco anos o que era um político. «Um político é um pássaro com muitas cores», respondeu ela. Fiquei espantada com a prontidão da resposta. E fiquei a pensar. A definição até poderia ser a mesma caso lhe tivesse, naquela mesma altura, perguntado o que era um palhaço ou um osciloscópio, mas «o pássaro de muitas cores» não me saiu da cabeça. O político desta criança existiria? Onde se encaixariam os «pássaros» na política? Afinal, eles podem ter muitas cores mas estão longe de ser pássaros. Com este livro tentei responder a esta última questão. Lançando o desafio de escrever uma história para crianças, transformei cada político que participa neste livro num pássaro. O pássaro da sua imaginação à solta. Estes são, pois, os políticos daquela criança, os seus «pássaros de muitas cores». Assim, quando uma criança perguntar aos pais – quem escreveu estes contos? -, eles podem sempre dizer: um político. E quando elas, a seguir, insistirem – o que é um político? -, cada pai saberá de certo o que responder.
Maria Inês de AlmeidaCrónica familiar, O Primeiro Verão das Nossas vidas é também a história de uma geração – a do narrador, Leo King, e de um grupo de adolescentes com as mais variadas proveniências: rejeitados da aristocracia local, órfãos dos Apalaches, o filho do treinador negro da equipa de futebol, os gémeos Sheba e Trevor Poe, de uma beleza inolvidável, que tentam escapar ao controlo de um pai psicótico… A narrativa move-se entre 1969, o ano glorioso em que Leo e os seus amigos partem ao assalto das barreiras religiosas, sexuais, sociais e raciais da sua cidade de Charleston, e 1989, quando Sheba, agora uma estrela de Hollywood, lhes pede para encontrarem o seu irmão gay, desaparecido em San Francisco.
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário