domingo, 28 de novembro de 2010

Longe do Meu Coração

Título: Longe do Meu Coração
Autor: Júlio Magalhães
Editora: Esfera dos Livros

Sinopse:
Joaquim não queria acreditar no que os seus olhos viam. Tinha saído a salto de Portugal, viajado apertado em camionetas de gado, andado quilómetros e quilómetros a pé, à chuva e à neve, quase tinha perdido a vida nos Pirenéus e agora estava ali. Na capital portuguesa em França. O sítio onde, todos lhe garantiam, podia enriquecer e concretizar os seus sonhos. Mas o que via era um bairro de lata. Sentia os pés enterrarem-se na lama. Olhava para as barracas miseráveis e para os fardos de palha que faziam as vezes de uma cama. Mas, Joaquim não estava disposto a baixar os braços. Em Longe do meu Coração retrata com mestria e realismo, o quotidiano dos portugueses que partiram em busca de uma vida melhor, sonhando um dia regressar ricos à terra que os viu partir pobres. Para Joaquim, Portugal estava longe. Era ali, em França, na terra que lhe dava de comer, que queria vingar, que prometia, à força do seu trabalho, derrubar fronteiras e preconceitos. O plano estava traçado. Iria abrir uma empresa de construção, com o seu amigo Albano, enriquecer e, depois de ter casa montada com carro com emblema no capô, estacionado à porta, iria pedir a mão da sua Françoise, a professora de Francês que lhe abriu o mundo das letras e do amor. Mas, cedo Joaquim vai descobrir que há barreiras difíceis de ultrapassar.

Opinião:
Um livro que promete uma viagem a um dos tempos mais árduos da vida em Portugal e que cumpre essa função na perfeição. Júlio Magalhães opta por escrever de forma muito simples e pouco elaborada, recorrendo frequentemente a expressões coloquiais que aproximam o leitor do livro que se lê com familiaridade e sem qualquer dificuldade. Romanceando um dos fluxos migratórios mais penosos para o nosso povo, numa altura em que se arriscavam vidas em busca do sonho de "uma vida melhor" que habitava em terras francófonas, o autor consegue passar uma imagem límpida do sofrimento e das dificuldades por que passaram muito dos nossos antepassados. A quem nada tem, o pouco que se dá parece muito. Esta é a verdade que moveu a nossa gente na década de 60 do século passado. 
Sendo filha de emigrante, apesar de muito posterior a essa altura, devo dizer que alguns dos sentimentos me foram familiares. Acredito que este livro traga a lágrima da saudade e da tristeza por essa época a muita da nossa gente, razão pela qual é já um sucesso de vendas. 
Como obra literária não é primorosa, mas não terá sido esse o objectivo do autor.

Um livro a considerar para o Natal que se aproxima. Encherá o coração de muitos pais e avós com o reconhecimento que só uma obra escrita trás. 

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