segunda-feira, 19 de julho de 2010

José Rodrigues Miguéis e José Saramago - Correspondência 1959-1971

Título: José Rodrigues Miguéis e José Saramago - Correspondência 1959-1971
Autores: José Rodrigues Miguéis e José Saramago
Editora: Caminho

Sinopse:
A correspondência mantida entre José Rodrigues Miguéis e José Saramago reporta-se ao tempo em que este exercia as funções de Director Literário na Editorial Estúdios COR, Lda, a editora ondeMiguéis publicava igualmente a sua obra. Esta Correspondência não se limitou à abordagem de assuntos meramente profissionais, mas uma leitura atenta das cartas conduzir-nos-á a caminhos muito diversos, tratando-se como se trata de duas figuras de cultura (e da cultura!), deveras críticos em relação ao mundo que os rodeia, não se coibindo de dar o seu próprio testemunho tanto da época em que vivem como dos seus contemporâneos.

Opinião:
Do período em que José Saramago trabalhava nos Estúdios Cor e José Rodrigues Miguéis escrevia os seus romances a partir de Nova Iorque, preservaram-se as cartas colectadas neste volume, numa edição sóbria, porém atractiva.
Dominando os assuntos entre os dois, encontram-se os pagamentos da editora a Miguéis, os números de vendas de cada mês, discussões sobre o tipo de edição de cada novo livro, etc. Extraem-se vários pormenores interessantes para quem quer comparar o trabalho editorial da década de 60 com o actual. Mas os principais atractivos destas cartas são outros.
Na maior parte da correspondência, excluindo missivas curtas e unicamente comerciais, se nota o cuidado de ambos os "Josés" na escrita, mesmo nos assuntos mais banais. Em Saramago, já se reconhece o talento para moldar as palavras, formar expressões, com a simplicidade e tenacidade que irá demonstrar nos romances posteriores. De Miguéis, ficou-me a curiosidade de entrar nos seus livros, um pouco esquecidos actualmente.
Somos ainda brindados por alguns poemas de Saramago, contidos em "Os Poemas Possíveis", por opiniões tecidas sobre acontecimentos da época (censura, sempre presente; Kennedy...), pouca política, contudo, pelas razões que todos conhecemos e um vislumbre das vidas pessoais de ambos.

Um volume enriquecedor para a nossa literatura, já que muitas das cartas, por si só, possuem mais arte com as palavras do que uma boa percentagem das publicações actuais.

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