terça-feira, 23 de março de 2010

O Evangelho do Enforcado

Título: O Evangelho do Enforcado
Autor: David Soares
Editora: Saída de Emergência

Sinopse:
Nuno Gonçalves, nascido com um dom quase sobrenatural para a pintura, desvia-se dos ensinamentos do mestre flamengo Jan Van Eyck quando perigosas obsessões tomam conta de si. Ao mesmo tempo, na sequência de uma cruzada falhada contra a cidade de Tânger, o Infante D. Henrique deixa para trás o seu irmão D. Fernando, um acto polémico que dividirá a nobreza e inspirará o regente D. Pedro a conceber uma obra única. E que melhor artista para a pintar que Nuno Gonçalves, estrela emergente no círculo artístico da corte? Mas o pintor louco tem outras intenções, e o quadro que sairá das suas mãos manchadas de sangue irá mudar o futuro de Portugal. Entretecendo História e fantasia, O Evangelho do Enforcado é um romance fantástico sobre a mais enigmática obra de arte portuguesa: os Painéis de São Vicente. É, também, um retrato pungente da cobiça pelo poder e da vida em Lisboa no final da Idade Média. Pleno de descrições vívidas como pinturas, torna-se numa viagem poderosa ao luminoso mundo da arte e aos tenebrosos abismos da alienação, servida por uma riquíssima galeria de personagens.

Opinião:
Acabado de emergir da fervilhante imaginação de David Soares, vejo-me parco de palavras para descrever "O Evangelho do Enforcado".
Como é descrito na sinopse, os principais acontecimentos relatados têm lugar no século XV, no início da Dinastia de Avis. O retrato que o autor traça dos infantes não tenciona ser simpático ou engrandecedor. Pinta-lhes a personalidade e manias de acordo como que idealizou para este romance, baseando-se em alguns factos ou teorias existentes.
"O Evangelho do Enforcado" é uma criativa, colorida e brilhante teoria sobre a génese dos Painéis, as motivações que os criaram e sobre como Nuno Gonçalves deixou a sua marca na madeira e também nas ruas de Lisboa. Apesar de o objectivo não ser a busca pela verdade, nota-se a cuidadosa preparação teórica a que o autor se entregou, desde as técnicas de pintura à anatomia humana. Apresenta ainda uma interessantíssima e pouco explorada teoria sobre a Peste Negra.
Irão encontrar, durante a leitura, descrições cruas (mas não banais) da intimidade de uma alma, de um corpo ou das interacções entre Homens, podendo até surpreender algum leitor mais desprevenido.
Fica muito por dizer, especialmente em relação à grande atenção que o autor atribui a diversos pormenores, tanto a nível dos diálogos, como da própria narração e organização da obra.
Por fim, explica-nos a pesquisa que realizou, a formação da ideia e escreve uma mensagem final que ainda me deixa pensativo.

Um livro imperdível, que diverte, impressiona e ensina e que certamente terá uma vida mais longa do que a das páginas em que é impresso.

7 comentários:

  1. Quero bastante ler este livro =) Ainda agora li uma opinião sobre este livro noutro blog que também foi muito positiva!!

    Desde que contactei com o autor para poder divulgá-lo e às suas obras, que fiquei ainda mais curiosa (se quiserem ler a mini-entrevista é só passar pelo meu cantito).

    Entretanto ainda só estou a ler o livro de contos dele e, mesmo esse, pode utilizar vocabulário e cenas chocantes para os mais sensíveis. Não obstante, estou a adorar!!

    Beijinhos e boas leituras!

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  2. A Morrighan está a falar da minha opinião :)
    Adorei a forma como descreveste esta leitura.
    De facto, o livro está espectacular!
    Leitura obrigatória!!!

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  3. Olá Morrighan:

    A apresentação que fazes do autor no teu blogue é interessantíssima! Ajuda a perceber um pouco melhor a sua escrita e restantes "artes"!
    Também fiquei com vontade de ler o livro de contos. Quem sabe, em breve?

    Olá Sofia:

    Concordo! É uma leitura única, recomendável a toda a gente! Assim como a leitura da tua opinião!

    Boas leituras!

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  4. Vou-me aventurar hoje pela escrita de David Soares, com "OS Ossos do Arco-Íris". Ainda não sei bem o que vou encontrar, mas mesmo assim pretendo também ler este "Evangelho do Enforcado", que tem tido tão boas opiniões.

    Boas leituras!

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  5. Boa noite!

    Então, se tiver oportunidade, deixe por cá as suas impressões de "Os Ossos do Arco-Íris" deste autor que promete deixar marcas!

    Boas Leituras!

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  6. Olá
    Estou a ler este livro e, apesar de estar a gostar, é a primeira vez que tenho que ir tantas vezes ao dicionário. O autor usa e abusa de termos que não são normalmente utilizados (e atrevo-me a dizer que muitos já caíram em desuso).
    Sou só eu que tenho esta dificuldade?
    Boas leituras

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  7. Olá Patrícia:

    Posso concordar com a sua opinião. Mas não acho que seja defeito... Penso que é uma boa forma de evoluirmos o nosso conhecimento na nossa fantástica língua e de não deixar morrer certos termos.

    Boa leitura!

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