quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Querido Gabriel - Carta de um Pai

Título: Querido Gabriel - Carta de um Pai
Autor: Halfdan W. Freihow
Editora: Objectiva

Sinopse:
“Quando eu morrer e for para o céu, podemos continuar a trocar miminhos?
Em momentos abençoados como este, supera-se tudo, compreende-se tudo. Tudo é um milagre. Tu és o Gabriel e o mundo é a tua arca do tesouro.
Dorme bem, meu filho. Amanhã continuaremos a viver.”
Com muito amor e uma admiração profunda, Halfdan W. Freihow descreve a complexa relação com o filho mais novo, Gabriel, a quem foi diagnosticado autismo aos três anos.
Uma relação tocada por vezes pela frustração e pela incompreensão, mas feita de muita dedicação e de amor incondicional.

Opinião:
Eis um livro tocante. Uma carta aberta para o espírito de um pai: os seus medos e impressões no que ao filho (principalmente) diz respeito. As dores, os receios, as incertezas e as respostas que não tem para lhe dar. Apesar de não ser ainda mãe, acredito que todos os pais tenham a sua dose de todas estas coisas relativamente aos seus filhos; agora imaginem como seria se o vosso filho fosse 'especial'.

Gabriel sofre de autismo, e sofrer será verdadeiramente o termo a empregar. Sofrimento - dele, dos pais, dos irmão, da comunidade escolar... Ao ler esta pequena preciosidade, saída directamente da alma para o papel, percebemos um bocadinho mais o que esta palavra que nos causa estranheza - autismo - quer dizer. O pai de Gabriel relata episódios vários que recorda e analisa, descrevendo ao filho como se sentiu e porque agiu de determinada forma perante uma certa situação. O cuidado com as palavras escolhidas a dedo, o carinho perante a sinceridade e transparência da criança, o medo e a tristeza quando as respostas a perguntas fundamentais não existem, ou são pura e simplesmente cruéis... "Quem é que vai cuidar de mim quando eu for grande? Quando tu e a Mamã morrerem e eu já não puder viver com vocês? Vou ter de viver na minha própria casa quando for crescido. Achas que vou ficar completamente sozinho?"

Chorei enquanto o lia e sei que um dia, este será um dos livros que voltarei a ler. Não posso deixar de o recomendar a todos aqueles que tenham de alguma forma contacto com uma criança com este diagnóstico - este livro será para vós um bálsamo de entendimento e reconhecimento. No entanto, acho sinceramente que, pela sua riqueza humana, este livro é quase essencial. Um livro para todos.

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