Considerado um génio, o precursor da fantasia moderna, e acreditado com a invenção do drama psicológico, da ficção científica e das histórias policiais, Edgar Allan Poe teve uma vida tão dramática e trágica como os seus próprios contos. A vida de Poe foi dominada por mulheres à beira da morte: a sua mãe morreu de tuberculose quando ele tinha apenas dois anos, a mãe adoptiva quando ele tinha vinte, e a esposa, Virginia, morreu igualmente da mesma doença que a sua mãe. Tal como Ackroyd demonstra brilhantemente, foram estas mor-tes que, associadas à infância miserável de Poe, levaram à concepção de contos tão obscuros e estarrecedores como A Queda da Casa de Usher e Berenice, embora tenha sido com a publicação de O Corvo que o escritor alcançou finalmente o grau de reconhecimento por ele tão ambicionado. Contudo, o sucesso não foi suficiente para salvá-lo de si mesmo, tendo morrido com a idade de quarenta anos. Os seus últimos dias são tão misteriosos como grande parte dos seus escritos. Poe foi um escritor extraordinário, e em Peter Ackroyd, terá encontrado o seu biógrafo ideal.
O regresso de Yalom é desta vez a quatro mãos. O autor leva-nos agora numa viagem às memórias de um seu ex-colega universitário. Num reencontro de ex-alunos, é abordado por um cirurgião que se queixa de passar noites em claro e sofrer de suores frios e sintomas de depressão. Como pano de fundo do seu desespero está um terrível episódio que viveu nos tempos do Holocausto e se repete vezes sem conta na sua memória. Um episódio de extrema insegurança e de um sentimento de total impotência perante a justiça, que nos daria vontade de gritar: "Chamem a Polícia!". Num tempo em que as autoridades que deviam manter a justiça e a ordem eram, na verdade, as causadoras das atrocidades raciais e de abuso de poder que marcaram gerações até aos nossos dias.
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
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