Cold Mountain - O Regresso do Soldado

Título: Cold Mountain - O Regresso do Soldado

Autor: Charles Frazier

Editora: Edições ASA

Sinopse:

Ambientado no período da Guerra Civil Americana, O Regresso do Soldado (Cold Mountain) conta-nos a odisseia de Inman (inspirada na história autêntica de um antepassado do autor), um soldado sulista ferido na batalha de Petersburg, que decide desertar e regressar à Carolina do Norte para aí reencontrar a mulher que ama, Ada, persuadido de que ela o espera. Esta certeza permite-lhe atravessar as paisagens devastadas dos Estados confederados e escapar às perseguições das milícias encarregadas de capturar desertores. Por seu lado, Ada, sozinha após a morte do pai, sobrevive como fazendeira em Cold Mountain, uma pequena aldeia da montanha. Ambos afrontam, antes de se reencontrarem, as transformações de um mundo onde lhes cabe agora viver.

Charles Frazier assina uma magnífica história de amor e um soberbo fresco romanesco em que se exprime um impressionante sentido do detalhe. Foram-lhe precisos cinco anos de pesquisas antes de começar a escrever. Mas o incrível sucesso que o romance obteve nos EUA compensaram-no sobejamente.

Opinião:

Quem tem estado atento ao Páginas desde há uns tempos para cá, pode ter reparado que este é o livro que me faz companhia há já algum tempo. O livro não tem culpa, a grande responsabilidade foi da fase atribulada em termos de trabalho pela qual acabei de passar. Como tal, vou tentar ser o mais justa possível na minha opinião, tendo, no entanto, noção de que esta poderá ser influenciada pela pouca atenção que ao livro dediquei.

Para aqueles que, como eu,  viram o filme, a história não é novidade. Uma história de amor numa altura conturbada, capaz de trazer uma lágrima marota aos olhos do coração mais duro. 
Para aqueles que, como eu, viram o filme antes de ler o livro, este poderá revelar-se uma surpresa. Cold Mountain - O Regresso do Soldado não é um livro leve, nem um livro fácil de ler. Não se lê de um fôlego. Este é um livro que nos acompanha um dia atrás do outro, numa longa jornada, lado a lado com Inmam, Ada e Ruby. Guerra, fome e miséria. A receita perfeita para soltar o que de mais animalesco existe em cada ser humano. Toda a espécie de atrocidades e dificuldades vão atravessar o caminho dos protagonista, dificultando a sua luta por uma normalidade possível, pelo lar que lhes restou, pela pouca felicidade que conseguem conquistar. Muito mais do que uma história de amor, este livro é um hino à força de vontade, coragem e à bondade. Esta última, presente nas mais inesperadas situações, vinda, muitas vezes, daqueles que menos têm para dar.

Dói ler este livro. Para além de ser um livro pormenorizadamente descritivo, o que o torna um pouco pesado, não é um livro sobre felicidade. Retrata uma dura realidade que poderemos imaginar adaptada a qualquer cenário de guerra e desespero. O balanço final é muito positivo, mas não posso negar que alturas houve em que pensei deixá-lo de parte. Estou muito feliz por não o ter feito pois, ao contrário de muitas obras já adaptadas ao cinema, esta tem muito para dar para além do que na grande tela foi retratado.

Um companheiro de cabeceira para aqueles que gostam de ter consigo um livro por algum tempo. Se tiverem coragem, não deixem de o ler. Se o começarem, não deixem de o terminar. Recompensa.