Autor: Sofia Pinto Coelho
Editora: Esfera dos Livros
Sinopse:
As histórias que vai encontrar neste livro podem parecer insólitas, estranhas, até surreais, mas são verídicas. Da história da juíza que resolveu um problema de barulho despejando água para casa dos vizinhos, ao de um advogado que para obter cópia de um processo se viu obrigado a levar a fotocopiadora para tribunal. Do juiz excomungado por um pastor condenado por dívidas, ao caso do roubo do queijo fatiado no valor de 1 euro e 29 cêntimos que foi a julgamento e ocupou a justiça portuguesa durante dois anos, ou ainda do carpinteiro condenado por ter disparado uma pressão de ar contra o Lacindo, o gato da vizinha que se atrever a devorar o seu jantar. A jornalista Sofia Pinto Coelho, especialista em temas de justiça e Direito, acompanhou a maioria dos casos aqui relatados e traça um retrato real, divertido, mas rigoroso da justiça portuguesa. Das condições de trabalho, ao estado das prisões, e à relação entre juízes e advogados ou entre procuradores e a polícia. É verdade que há histórias que parecem quase anedotas, mas há outras que tiveram um efeito trágico na vida dos seus protagonistas. Por estas páginas passam pessoas que quando a justiça lhes bateu à porta perceberam que para além de cega, a justiça em Portugal pode tornar-se numa aventura absolutamente extraordinária.
Opinião:
"Fujam!", disse Marinho Pinto no "Gato Fedorento"! Fujam da justiça portuguesa. Eu sabia que era má, mas agora estou aterrado! Mas vamos ao livro em si, antes de mais.
Sofia Pinto Coelho apresenta-nos uma colectânea extensa, dividida por temas, com histórias que nos moldam os lábios, ora num sorriso, ora numa circunferência de surpresa e choque. Utilizou várias fontes que contribuem para a diversidade das pequenas "anedotas".
A autora optou por uma linguagem simples, com expressões coloquiais, longe do intricado e inexpugnável dialecto legal. Apesar de ter encontrado um ou outro erro de construção, penso que o estilo se adequa ao objectivo: passar a mensagem ao comum dos mortais e expor, com factos, a realidade da justiça à vista de todos nós.
Pessoalmente, senti-me tocado pelos relatos na primeira pessoa dos nossos reclusos. Esta realidade que preferimos ignorar, quando descrita de forma pormenorizada, traça um retrato de um país de terceiro mundo, sem qualquer respeito pelos direitos fundamentais do Homem. A secção dedicada às crianças também provoca arrepios... Por outro lado, podem contar também com muitas gargalhadas e com uma nova definição de "insólito"!
Penso que o livro prima, principalmente, por cumprir o propósito a que se propôs de forma exemplar. Denuncia as falhas mais flagrantes da nossa justiça numa leitura acessível a todos.
Para os curiosos, os cépticos e os que gostam de ser surpreendidos, recomendo!
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