Título: Estereótipas
Autora: Luz Sánchez-Mellado
Editora: Bertrand
Sinopse:
Aproveitar todas as ofertas e promoções e transformar-se numa Lady
Ganga; retirar o maior proveito do próprio corpo, nem que seja com
artifícios, para se autoproclamar Miss Próteses; celebrar o aniversário
em grande estilo e debater-se com as novas tecnologias para que não lhe
chamem Velha Patética; mudar-se para os subúrbios e sobreviver como uma
espécie de Lady Piscina; divorciar-se e regressar ao mercado das
Predadoras e Presas; atirar-se à jugular da melhor amiga, à ex do
namorado ou à sogra de sempre como uma boa Irmã Loba; combater o stresse
com a armadura da Conciliadora, a super-heroína que concilia o trabalho
com a família, e poderem contá-lo com todos os pormenores, glórias e
misérias, orgulhosas de serem Incontinentes Verbais, com muita honra -
assim é o mundo bipolar das Estereótipas. Disseram-lhes desde o berço
que têm de ser perfeitas e o pior é que acreditaram nisso sem reservas.
Lutam corpo a corpo na selva da vida e saem a perder quase sempre, mas
com dignidade e com estilo. São contraditórias e coerentes, mesquinhas e
sublimes, cobardes e audazes, capazes do melhor e do pior para salvar a
pele e as aparências… Divinas, mas muito humanas.
Opinião:
Nascido de uma coluna do El País, poder-se-ia pensar que este livro, como acontece com outros do género, seria feito de pequenos retalhos de um mesmo tema.
Independentemente dessa possibilidade, decidi lê-lo como se de um romance se tratasse. De princípio a fim.
O que é vendido ao leitor com a sinopse, são uma série de
caricaturas femininas, pretendendo estereotipar algumas características
que, inevitavelmente, estarão presentes na maior parte de nós. O que nos
vendem é mesmo o que recebemos com a leitura. A autora é viperina nas
suas descrições e caracterizações, retratando o género feminino do nosso
tempo - maternidades tardias, relações insatisfatórias resultando
muitas vezes em divórcios e solidão, com a difícil adaptação a uma revolução tecnológica demasiado rápida. Situações marginais, quase
limite, em que cada uma de nós se equilibra, vestida impecavelmente, de
saltos e cabelo arranjado. Tudo isto a cada dia que passa, sem espaço
para respirar sequer ao fim de semana.
Conseguir brincar com estas situações é verdadeiramente desafiante.
Sanchez-Mellado consegue fazê-lo de forma impressionante. Fez-me rir
muitas vezes, suspirar algumas outras e, no final do livro, conseguiu
produzir em mim uma sensação quase agoniante de desespero... Talvez
tenha sido o resultado de uma leitura intensiva, mas o facto é que, com a identificação de algumas situações surgiu o medo de um destino
semelhante...
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