segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Estereótipas

Título: Estereótipas
Autora: Luz Sánchez-Mellado
Editora: Bertrand

Sinopse:
Aproveitar todas as ofertas e promoções e transformar-se numa Lady Ganga; retirar o maior proveito do próprio corpo, nem que seja com artifícios, para se autoproclamar Miss Próteses; celebrar o aniversário em grande estilo e debater-se com as novas tecnologias para que não lhe chamem Velha Patética; mudar-se para os subúrbios e sobreviver como uma espécie de Lady Piscina; divorciar-se e regressar ao mercado das Predadoras e Presas; atirar-se à jugular da melhor amiga, à ex do namorado ou à sogra de sempre como uma boa Irmã Loba; combater o stresse com a armadura da Conciliadora, a super-heroína que concilia o trabalho com a família, e poderem contá-lo com todos os pormenores, glórias e misérias, orgulhosas de serem Incontinentes Verbais, com muita honra - assim é o mundo bipolar das Estereótipas. Disseram-lhes desde o berço que têm de ser perfeitas e o pior é que acreditaram nisso sem reservas. Lutam corpo a corpo na selva da vida e saem a perder quase sempre, mas com dignidade e com estilo. São contraditórias e coerentes, mesquinhas e sublimes, cobardes e audazes, capazes do melhor e do pior para salvar a pele e as aparências… Divinas, mas muito humanas.
 
Opinião:
Nascido de uma coluna do El País, poder-se-ia pensar que este livro, como acontece com outros do género, seria feito de pequenos retalhos de um mesmo tema.
Independentemente dessa possibilidade, decidi lê-lo como se de um romance se tratasse. De princípio a fim.
O que é vendido ao leitor com a sinopse, são uma série de caricaturas femininas, pretendendo estereotipar algumas características que, inevitavelmente, estarão presentes na maior parte de nós. O que nos vendem é mesmo o que recebemos com a leitura. A autora é viperina nas suas descrições e caracterizações, retratando o género feminino do nosso tempo - maternidades tardias, relações insatisfatórias resultando muitas vezes em divórcios e solidão, com a difícil adaptação a uma revolução tecnológica demasiado rápida. Situações marginais, quase limite, em que cada uma de nós se equilibra, vestida impecavelmente, de saltos e cabelo arranjado. Tudo isto a cada dia que passa, sem espaço para respirar sequer ao fim de semana.
Conseguir brincar com estas situações é verdadeiramente desafiante. Sanchez-Mellado consegue fazê-lo de forma impressionante. Fez-me rir muitas vezes, suspirar algumas outras e, no final do livro, conseguiu produzir em mim uma sensação quase agoniante de desespero... Talvez tenha sido o resultado de uma leitura intensiva, mas o facto é que, com a identificação de algumas situações surgiu o medo de um destino semelhante...
 
Um livro diferente, que conseguirá por um sorriso na cara de muitas mulheres.

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