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Mandorla é a filha feliz de uma mulher repleta de fantasia. Maria, a mamã, trabalha numa empresa de gestão de condomínios e tem o dom especial de transformar cada reunião de condóminos em vibrantes sessões de terapia de grupo.
Quando Maria morre num acidente com a sua mota, os moradores da Rua Grotta Perfetta, 315, descobrem uma carta onde ela anuncia à filha que o seu pai vive naquele prédio. Vendo a harmonia das suas famílias ameaçada, os moradores tomam uma insólita decisão: não realizar o teste de ADN e assumirem, em conjunto, a educação da criança, que passará dois anos em cada lar. Mandorla cresce obcecada em descobrir a identidade do pai e com isso ter uma família normal, como a de todos os outros. Quem será, na verdade, o pai de Mandorla?
Desde a publicação da sua primeira obra, um livro de contos intitulado Los Días Enmascarados (1954), ficou bastante claro que estávamos perante um dos mestres contemporâneos da arte do conto. As obras que se seguiram, Cantar de Ciegos, A Fronteira de Vidro e Todas las Familias Felices, só vieram confirmar essa ideia. Contos Naturais recicla vários contos originalmente publicados nas obras acima mencionadas, à exceção do último, que saiu em Cuerpos y Ofrendas.
Um canhão assombrando uma cidade. Um patíbulo armado de noite. Um istmo que conduz a uma cratera. Uma diligência cercada por cães selvagens. Nuvens de grifos imundos sobre o mar. A batalha sangrenta dos pescadores. Uma galeria de anarquistas, mais nobres que plebeus. A casa de Madame Ricciarda. A casa de Madame Musette. Dois jesuítas. Um padre que toca violoncelo. Um navio que não chega mais. Uma opereta com ecos de tragédia. Sol, luz, névoa e lua. Oito mulheres, amores duplos, triplos e quádruplos. De como a vida engana a morte. Ou o inverso. Porque há em gente pacata uma apetência de morte tão grande? Porque é que nunca se regressa daquela viagem? Porque é que aquele navio não chega? Porque é que aquele canhão jamais dispara?
O Varandim seguido de Ocaso em Carvangel – primeiro livro de Mário de Carvalho no catálogo da Porto Editora – confirma-o uma vez mais como um dos grandes nomes da ficção portuguesa contemporânea.
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